Por Roberto Numeriano Não sou paraense, mas votaria pela divisão do Pará, conforme o projeto recusado pela maioria dos eleitores do Estado.

Não é preciso expor aqui as razões pelo “sim”.

Inês, como se diz, é morta.

Mas queria registrar o que eu vinha alertando desde antes da votação: o resultado dividiria politica e socialmente um Estado já dividido economicamente.

Pois já estamos vendo a desilusão e revolta nas ruas, no sentimento, nas idéias.

Cada vez mais, os políticos profissionais (com seu democratismo demagógico) dão mostras de irresponsabilidade e burrice.

Temas dessa natureza não podem ser objeto de votação.

Ou o Poder Executivo decide dividir, ou trata de impor ao Estado uma política que contemple uma divisão equânime dos recursos oriundos do orçamento da União.

Por mais que pareça democrático e simpático o assunto, ele tem implicações sérias para a União e o Estado.

Submeter essa decisão aos eleitores, significa despertar o ódio social e político, muitaz vezes latente.

Trata-se de uma consulta estúpida, pois todos perdem, qualquer que seja o resultado.

Plebiscito não é eleição.

No caso deste assunto ficar sob a prerrogativa da União (que é o que devemos resgatar mediante uma PEC), a decisão de dividir um Estado federativo será menos traumática, pois o ente estatal será um alvo apenas político-institucional, e não social e econômico.

Ao mesmo tempo, caberá ao eleitor “vingar-se” ou não dos políticos que apoiaram no Parlamento a proposta do Executivo.

O mal está feito.

Inês já está cheirando mal.

Tomara que o Parlamento brasileiro mude essa legislação, na prática, democratista e demagógica (apesar do princípio ser politicamente positivo).

Fico triste vendo os paraenses se digladiando por causa, antes de tudo, de leis e políticos estúpidos.

Desculpem o desabafo.

R.

Numeriano Membro da Direção Estadual do PCB/PE