A pesquisa Panorama Empresarial 2012 – A visão dos empresários diante de cenários de instabilidade, realizada pela Deloitte em novembro com 456 empresas de todo o Brasil, aponta que os tomadores de decisão não sentiram impactos significativos da volatilidade internacional neste ano.
Apesar disso, eles revelam estar atentos a possíveis impactos em seus negócios nos próximos anos.
Em 2011, o principal desafio para as empresas foi o gerenciamento de custos sem comprometer a qualidade de seus produtos e serviços, item apontado por 58% dos respondentes.
A retenção de capital humano e a obtenção de mão de obra qualificada também aparecem com destaque na pesquisa.
Diante desses desafios, os executivos têm mantido o foco em planejamentos mais eficientes, no estabelecimento de novas parcerias e nos investimentos em inovação.
Para os próximos anos, despontam como principais desafios, na visão dos empresários, lidar com a concorrência, obter retorno sobre o capital investido e gerenciar custos.
Impactos da crise Em um contexto de instabilidade internacional, os entrevistados indicaram que a pressão por preços menores foi o fator que mais recebeu reflexos desse cenário, segundo 47% das respostas.
O segundo aspecto mais apontado foi a necessidade de aumento de salário para seus funcionários (item assinalado por 39% dos entrevistados) e também a negociação com fornecedores (26%). “A pesquisa sinaliza que a relativa desaceleração econômica registrada na economia brasileira no terceiro trimestre ainda não produziu resultados significativos diretos nas empresas. É importante considerar também que os impactos do cenário econômico são diferentes de acordo com o setor de atuação de cada empresa, incidindo muito mais sobre as indústrias manufatureiras e as organizações muito dependentes de exportações”, explica José Paulo Rocha, sócio-líder da área de Corporate Finance da Deloitte e responsável técnico pela pesquisa.
Expectativa de crescimento dos negócios A previsão de crescimento e investimentos para os negócios dos entrevistados, em relação a 2012 e os anos seguintes, é, de forma geral, moderada.
A maioria apontou para um crescimento moderado da receita líquida para 2012 e os próximos três anos (57% e 59% dos entrevistados, respectivamente, indicando essa tendência).
A maior parte também prevê um aumento moderado do número de empregados em 2012 (conforme 43% dos entrevistados) e estável nos próximos três anos (segundo 56%), além de uma projeção de investimentos moderada em 2012 e nos próximos anos (44% e 52%).
Talentos A retenção de talentos continua ocupando as primeiras posições nas preocupações dos executivos, como indica a pesquisa.
Um total de 54% apontou este como o principal desafio para sua empresa no ano.
O item vai para o primeiro lugar nos próximos três anos, segundo 57%.
Paralelamente, encontrar mão de obra qualificada também tem sido difícil para 47% dos entrevistados. É clara a disputa no mercado por profissionais qualificados.
Por esse motivo, um total de 66% afirmou que criará um programa intensivo de investimentos em treinamento.
Concorrência e movimentos do mercado A concorrência foi um dos principais desafios ao longo de 2011 para 40% dos empresários.
Esse percentual cresce para 46%, considerando os próximos três anos.
Os entrevistados também apontaram, em relação aos próximos anos, para o aumento do investimento estrangeiro (68%), o crescimento das operações de fusões e aquisições (65%) e a internacionalização das empresas (61%).
Essas movimentações podem, claramente, afetar seus respectivos setores, acirrando ainda mais a concorrência.
Sobre as estratégias adotadas para ganhar espaço junto ao mercado nos próximos anos, 57% apontaram o lançamento de novos produtos e serviços, enquanto para 56% trabalhará na busca de novas parcerias e associações.
Investimentos em inovação e em pesquisa foram sinalizados por 52% dos respondentes.
Investimentos estrangeiros vão continuar José Paulo Rocha também chama a atenção para outras questões que impactam a percepção do empresariado e a dinâmica do mercado. “A base de crescimento alcançada pelo País em 2010 é bastante alta, ajudando a sustentar um ambiente de negócios aquecido em 2011 mesmo com crescimento menor, o que ajuda a explicar a percepção positiva do empresariado.
E o investimento estrangeiro sinaliza a manutenção de um quadro positivo para o médio prazo”.
Em relação a esse último tópico, uma outra pesquisa produzida pela Deloitte em novembro, com 628 executivos entrevistados em 24 países, indicou que o Brasil está, junto de Índia e China, entre os focos mais atraentes para receber investimentos nos próximos anos (já a Rússia, membro do chamado “BRIC”, não está mais nessa posição).