Mais um problema na assistência materno infantil.
Com agravamento da crise, além do famoso “calvário” com a peregrinação de serviço em serviço, as gestantes sofrem com a superlotação.
A Central de Parto regulando leitos que não existem, pois estes profissionais buscam fazer o milagre na regulação, geralmente recebem vaga ZERO dos diversos serviços de maternidade e findam por regular nos serviços que se encontram com equipe médica completa; acarretando na superlotação dos mesmos, quando não raro chegando a trabalhar com o dobro ou as vezes com o triplo da capacidade instalada.
Profissionais de saúde vivendo situações de extremo estresse sendo obrigados a internar gestantes em cadeiras, mesas de parto e do centro cirúrgico, e ainda mais grave, duas puérperas na mesma cama com seus respectivos recém nascidos; extrapolando-se os princípios de higiene.
Não são raras às vezes em que se formam filas, com longa espera nas triagens das maternidades; o que não poderia ser de forma diferente; em tudo que se trabalha com sobre demanda, o número de procedimentos cresce (evoluções, partos, cesarianas…) e, inclusive, cresce também o risco de insucesso e complicações materno-fetal.
Precisamos dar um basta nesta situação, cessar este sofrimento e exposição das nossas mulheres, famílias e profissionais da saúde, inclusive médicos que estão sempre denunciando o caos e lutando por dias melhores.
Senhores que fazem a Imprensa nos ajudem, colocando o foco da produção de notícias na estruturação da rede materna hierarquizada e que os municípios assumam seus partos, assim como já assumem o pré- natal e a puericultura; pondo fim as transferências e a superlotação das maternidades da capital.
Temos que juntar forças e levantar uma só bandeira em prol de mulheres cidadãs grávidas, quem vivem a incerteza de onde terão seus filhos, antes que seja tarde demais, e se tenha que colocar o foco em páginas policiais com denúncias de morte ou danos.
Senhores gestores, que tem o poder de executar, centremos esforços no fazer acontecer; vamos realizar concurso e chamar de imediato os aprovados; vamos oferecer salários dignos e incentivos para interiorização; vamos estruturar maternidades com leitos, equipamentos e recursos humanos adequados formando serviços regionalizados.
Senhores gestores eleitos pelo povo cidadão, vamos no comprometer com a sociedade, com saúde digna, com qualidade.
A estas mulheres basta a expectativa e a alegria da chegada de seus filhos, aliviando a angustia e a incerteza destas famílias e dos profissionais que estão na ponta prestando assistência.
Não deixem que a situação piore e que gere nestes profissionais a intenção de abandonar sua profissão e carreira que tanto se empenharam para construir em seis anos de graduação na Universidade e três anos de residência, para se encontrarem neste xadrez, em que refletem qual a qualidade de onde vem tudo e oferecendo aos seus familiares e a de seus pacientes; pois nada mais justo que chamar estas gestantes de pacientes, pois haja paciência, para viver este caos. *Cláudia Beatriz é médica ginecologista obstetra e diretora do Simepe