Centenas de operários que trabalham na construção da Ferrovia Transnordestina, no Sertão do estado, denunciaram, hoje (09), que serão impedidos de deixar o canteiro da obra durante as festividades de final de ano.
De acordo com os trabalhadores, até o momento, a Transnordestina Logística - empresa responsável pela obra juntamente com a construtora Norberto Odebrecht – negou as solicitações para recesso no período de Natal e Ano Novo.
A medida prejudica principalmente os trabalhadores que moram em outros estados e ficarão confinados nos alojamentos durante as festas.
O presidente do Sindicato da Construção Pesada de Pernambuco (Sintepav-PE), Aldo Amaral, disse que a única preocupação da construtora é com a produtividade, ignorando completamente as necessidades humanas e sociais dos trabalhadores. “Não somos máquinas.
Esses homens têm família, esposas, filhos, que só se reúnem em datas como estas.
Onde está o espírito natalino?”, criticou.
O sindicalista não descartou medidas judiciais para conseguir que os trabalhadores sejam liberados.
Amaral estranhou a atitude da Transnordestina, já que normalmente os trabalhadores têm folga neste período.
Ele lembrou que atitudes equivocadas como esta geram insatisfação entre os trabalhadores.
Atualmente os operários que atuam nos trechos da obra no Ceará encontram-se em greve por melhores condições de trabalho e reajuste dos salários. “Certamente a empresa não está sendo bem assessorada.
Será que vai ser bom obrigar o trabalhador a ficar na obra durante o Natal?
Estão mexendo com um barril de pólvora”, alertou.
DADOS DA OBRA - A Ferrovia Transnordestina é apontada como uma obra de redenção do Nordeste.
Ela integra a lista das maiores obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Quando concluída, a ferrovia terá 1.728 quilômetros de extensão e ligará os Portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco ao sertão do Piauí.
Transportará cerca de 40 milhões de toneladas ao ano de grãos, minério, gesso, frutas e combustíveis.
Orçada inicialmente em R$ 4,5 bilhões, esse orçamento deverá passar por uma reavaliação do Ministério dos Transportes, e chegar a R$ 6,7 bilhões.