A praça é do povo Por Terezinha Nunes É praxe mundial.

Todas as grandes cidades reservam um espaço para manifestações da população.

Quando isto não acontece, ou porque está em vigência um regime de exceção ou por falta de planejamento e sensibilidade, as manifestações acabam ocorrendo de forma impositiva ou mesmo anárquica quando algum decisão pública ou privada - em geral, pública - passa dos limites do razoável.

E aí vem a repressão com todas as suas danosas consequências.

Basta lembrar as recentes manifestações da população dos países árabes, marcadas pela Internet, que ocuparam praças e ruas onde antes era proibido levantar um cartaz e que levaram à derrubada de diversos governos despóticos.

Afinal, como diz Milton Nascimento " Todo artista tem de ir aonde o povo está".

Claro que não há no Brasil, onde vivemos um regime democrático, necessidade ainda de a população reagir de forma abrupta e ocupar lugares públicos, com ou sem permissão, para se manifestar de qualquer jeito.

Mas não se pode deixar de realizar encontros com grande comparecimento e absolutamente ordeiros apenas por falta de ter onde realizá-los.

Refiro-me ao projeto em discussão na Câmara Municipal que proíbe manifestações em Boa Viagem.

Tudo bem que se possa querer preservar os moradores da avenida, apesar de esses encontros serem mínimos com parando os 365 dias do ano, mas antes se deveria encontrar outro local propício para isso.

Ou se chegar a um acordo sobre o período de ocupação, limitando-o na medida do possível.

A avenida Conde da Boa Vista, cuja interdição provocava ainda mais transtornos, está impedida de receber multidões por conta da obra realizada pela Prefeitura.

Pergunta-se então: que área disponibilizar?

Cabe aos vereadores e ao prefeito discutir serenamente o assunto e chegar a uma decisão.

Cassar, porém, simplesmente, o direito do povo se reunir e se manifestar é um cerceamento à liberdade de manifestação.