Por Daniel Guedes Disposto a renovar seus quadros, o PSDB decidiu deixar a pecha de elitista e se aproximar novamente das bases.

A mudança se dará através dos movimentos sindicais que perderam força na legenda desde a morte de Franco Montoro, ex-governador de São Paulo, em 1999.

Representantes de núcleos sindicais tucanos de 19 Estados se reuniram num hotel no Recife no final da manhã desta sexta-feira (2) para discutir como as lideranças vão se portar nos próximos meses.

Hoje, o PSDB tem apenas 400 dos 330 mil líderes do País.

Os sindicalistas tucanos não mediram críticas à legenda. “O PSDB, lamentavelmente, se tornou um partido de elite.

O povo perdeu interlocutores e os sindicatos foram ficando na sua”, apontou Antonio Ramalho, executivo estadual do PSDB em São Paulo e secretário nacional provisório de política sindical do PSDB, Antonio Ramalho.

Um dos fundadores do PSDB e da Força Sindical, Melquíades Araújo é ainda mais enfático nas críticas. “O PSDB foi formado de cima para baixo.

Na sua direção, desde o início, não se preocupou em como chegar nas massas.

Não soube utilizar os dirigentes sindicais.

Qualquer partido só chega ao governo ou à Presidência da República se tiver o movimento sindical junto”.

Para os sindicalistas, a derrota de José Serra na disputa pela Presidência da República, em 2010, foi o momento em que a legenda se deu conta da necessidade de se aproximar das bases. “Serra perdeu as eleições observando que todas as centrais sindicais apoiavam Dilma.

Faltava essa interlocução do PSDB com as bases”, apontou Antonio Ramalho.

Apesar de considerar o adjetivo “elitista” exagerado, o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, concordou que é preciso abrir mais espaço para as bases no partido. “Nossa inserção no mundo sindical é baixa.

Tem que ser aumentada. (Considerar o partido) elitista é exagero, mas, sem dúvidas, temos um grande déficit de participação dos trabalhadores no partido”, afirmou salientando não querer “instrumentalizar” os sindicatos.

São Paulo e Minas Gerais são os maiores domínios tucanos também em relação a sindicatos.

Três líderes sindicais são pré-candidatos a prefeito no primeiro Estado e quatro, no segundo.

Os conselhos do PSDB terão duas funções prioritárias: lançar dirigentes sindicais como candidatos a prefeito e vereador e trabalhar junto ao Instituto Teotônio Vilela para, numa linguagem mais simples, repassar a mensagem do partido para as bases. “Falta um tradutor”, destaca Ramalho.

Melquíades Araújo fez questão de deixar claro para os tucanos que não quer que os sindicatos façam apenas campanha durante as eleições. “Queremos espaço para discutir todos os temas políticos que o partido discutir, trabalhar na formação do programa.

Não queremos só trabalhar na campanha para eleger os caciques”.

O sindicalista afirmou que não tem encontrado dificuldade no contato com os líderes tucanos.

Mas, se alguém apresentar resistência, ele não vai desanimar. “Queremos ocupar espaço.

Ou eles abrem ou a gente empurra”.