Por Edmar Lyra Filho Quando o ex-deputado Raul Jungmann decidiu lançar a Mesa da Unidade, imaginei que poderia ser uma boa alternativa para a oposição se unificar e apresentar uma alternativa real de poder na cidade do Recife.
A ideia da Mesa da Unidade é boa.
Porém, o conteúdo tem sido fraquíssimo, a forma também.
A grande comprovação de que a Mesa da Unidade não tem consistência é que existem quatro pré-candidatos: Os deputados federais Mendonça Filho (DEM) e Raul Henry (PMDB), o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) e o ex-deputado federal Raul Jungmann (PPS).
Isso sem contar com balões de ensaio que muitos fazem como a pré-candidatura da vereadora Priscila Krause (DEM) e do deputado federal Bruno Araújo (PSDB).
No caso, a oposição tem seis pré-candidaturas.
Umas formalizadas e outras menos formais.
Seis pré-candidaturas num campo que perdeu a prefeitura do Recife em 2000, 2004 e 2008, o governo do estado em 2006 e 2010, e a presidência da república em 2002, 2006 e 2010, é muito para quem tem pouca perspectiva de poder.
A oposição sofre de um mal que até agora não entendeu.
Primeiro é que sua unidade é de fachada, são diversos candidatos a salvador da pátria e ninguém se entende.
Segundo é que nomes já testados e reprovados nas urnas por mais de uma vez, insistem em disputar eleição majoritária, vide o deputado Mendonça Filho (Governo em 2006 e Prefeitura em 2008) e o ex-deputado Raul Jungmann (Prefeitura em 2004 e Senado em 2010).
A oposição precisa entender que os únicos nomes capazes de disputarem uma eleição majoritária com perspectivas reais de vitória são o deputado federal Raul Henry e o deputado estadual Daniel Coelho.
O primeiro porque só disputou uma majoritária como cabeça de chapa saindo maior do que entrou, figura nas pesquisas com bons números e grande potencial de crescimento.
O segundo é a essência da renovação da oposição, tem bom discurso e não está atrelado a situações que foram amplamente rejeitadas pela população recifense e pernambucana, como o fato de fazer parte de governos anteriores por exemplo.
Não bastasse a indefinição das candidaturas, a oposição não tem discurso.
Não tem propostas para o Recife.
Questões como trânsito, meio-ambiente, capacitação profissional, geração de emprego e renda, combate às drogas, etc.
Nada disso foi apresentado, e ao que me consta, sequer foi iniciado um debate para elaborar um programa de governo.
Sem as máquinas municipal, estadual e federal, o grande trunfo da oposição é se contrapor ao projeto de João da Costa, conhecidamente rejeitado pela população e pelo modo PT de governar, que também segue desgastado.
Para isso, deveriam entender aquele velho ditado e colocá-lo em prática: quem é coxo, parte cedo.
Portanto, o primeiro passo seria definir seu candidato ou seus candidatos (no máximo dois) e em sintonia com esta definição, designar seus melhores quadros para elaborarem programas de governo para áreas importantes como saúde, habitação, educação, mobilidade urbana, etc.
O último e não menos importante passo seria realizar pesquisas qualitativas para afinar o discurso com os anseios da população.
Quando chegassem em março, prazo extra-oficial de definição de candidaturas, a oposição teria candidato, unidade de fato, discurso e projeto para o Recife.
Vale salientar que pesquisas mostram que o recifense rejeita o atual prefeito, mas quer continuar com um prefeito que tenha o mesmo perfil do governador Eduardo Campos, talvez isso explique o lançamento da candidatura do socialista Fernando Bezerra Coelho.
Se a oposição não acertar o passo, corre sérios riscos de ver o PT sair da prefeitura, mas continuar na oposição, dessa vez tendo um PSB robusto e que teria plenas condições de se manter no poder por muitos anos.
Quando os caciques oposicionistas irão acordar?
Em janeiro de 2013?
Edmar Lyra Filho é Administrador de Empresas.