Por Manuela Dantas, especial para o Blog de Jamildo Foi com entusiasmo que recebi essa semana uma excelente notícia.

Vejam só, foi lançado no dia 17 de novembro de 2011 pelo Governo Federal o projeto Viver sem Limite, que é o Novo Plano Nacional dos direitos da pessoa com deficiência.

Seguem os decretos estabelecidos: Decreto nº 7.612, de 17.11.2011 - Institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite.

Decreto nº 7.611, de 17.11.2011 - Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências Esses decretos trazem por meio de ações e diretrizes estratégicas em educação, saúde e acessibilidade o anseio popular pela inclusão social sonhada, esperada, solicitada e justa para os deficientes.

Esse plano surge como uma banda passando e espalhando esperança, força, cidadania e tocando em marcha solicitando a participação da pessoa com deficiência na nossa sociedade.

Essa banda composta pela ala da inclusão, pelo grupo da autonomia e pelo maestro sem barreiras proclama o acesso de todos em iguais condições aos bens e serviços disponíveis, sem distinção, para toda a população.

Esse projeto tem metas referentes à acessibilidade, a educação inclusiva e a saúde, incluindo a prevenção e a reabilitação, metas essas que devem ser implantadas até 2014 e com previsão orçamentária de R$ 7,6 bilhões.

Juntam-se a essas boas novas, planos para a maior produção de órteses e próteses, as quais são essenciais para amputados, lesionados medular, vítimas de AVC (Acidente Vascular Cerebral), vítimas de poliomielite e má formação congênita, como também de TCE (Traumatismo Crânio Encefálico).

Ademais, também será ampliada a rede de clínicas para reabilitação de pessoas com deficiências, como também, será provido maior apoio a pessoas com deficiências em situação de extrema pobreza e isolamento social, que acabam levando essas pessoas a situações drásticas originadas de problemas decorrentes da deficiência, os quais são mal monitorados, mal tratados e podem gerar conseqüências gravíssimas como a morte oriunda de uma simples infecção que se alastra pela ausência dos cuidados necessários.

Isso posto, as ações necessárias serão executadas por um conjunto de 15 órgãos do Governo Federal, coordenados pela Secretaria de Direitos Humanos.

Ações essas que me comprometo de agora a acompanhar e fiscalizar de perto devido à urgência e necessidade, já mais que evidenciada, para a inclusão social de deficientes na sociedade e promoção da cidadania dos mesmos, como também por não permitir e admitir que a alguma instituição política se ache no direito de utilizar esse recurso com propósito diferente ao da promoção da acessibilidade a uma grande quantidade da população que aumenta assustadoramente.

Preocupou-me nessa banda de boas notícias, finalmente ter o dado do IBGE de 2010 referente à quantidade de deficientes no Brasil e saber, estupefata, que em 2000 tínhamos uma taxa de 14,5% de deficientes e em 2010 esse contingente aumentou para 23,91% da população brasileira, totalizando 45,6 milhões de pessoas.

Tínhamos em 2000 uma população de 16 milhões de deficientes no Brasil e em 2010 foram contabilizados, insisto em repetir, 45,6 milhões de pessoas com deficiência, ou seja, um aumento absoluto de 283% no número de deficientes e aumento relativo de 65% da quantidade de deficientes no Brasil, em um período de 10 anos.

Tais números impressionam pela sua grandeza e pelo aumento crescente dessa parcela da população, afinal não estamos em guerra civil.

Como também, espanta-nos vivermos a mercê de dirigentes que continuam fechando os olhos, ou preferindo não ver essa realidade nua e crua.

Fato deveras chocante, ou ao menos curioso, por evidenciar a falta de cuidados, prevenção e reabilitação que um percentual relevante da sociedade está submetida e espantosamente ausente do convívio e integração social.

Paralelamente a esse paradigma social, o qual tem que ser prioridade de todas as gestões públicas sérias e responsáveis pelo seu povo, acompanho, igualmente chocada, a multidão de jovens, sem causa, e com uma grande energia, infelizmente focada para o alvo errado, invadindo a reitoria da USP, melhor universidade do País, e lutando contra um direito a um policiamento e segurança que 99% dos estudantes daquela instituição acham extremamente necessário, já que aquele imenso campus já protagonizou mortes por roubo, estupros e violência pela falta de segurança de outros tempos.

Isso tudo pelo motivo fútil da liberdade para usarem entorpecentes proibidos pela lei brasileira.

Reflito sobre o assunto e continuo sem entender essa guerra sem causa, essa energia desperdiçada, enquanto temos tantas causas dignas e justas para lutar, como a inclusão de deficientes, a eliminação da miséria, a luta contra a corrupção, os movimentos em prol da sustentabilidade…

Meu Deus!

Não tenho medo de estar utilizando em vão o nome do nosso orientador espiritual, o que passa na cabeça dos nossos jovens?

O que está sendo feito de errado na educação dessas pessoas?

Onde estão os valores de amor ao próximo e de justiça?

Custo a acreditar que todos os nossos jovens representantes se empenhem em guerras fúteis e lutas sem relevância em detrimento das lutas justas que temos pela frente.

Outrossim, como que para aliviar a minha consciência que me impele a tentar resgatar o meu espírito de líder estudantil e voltar as escolas e universidades para mostrar aos jovens que nossa luta vai muito mais além do que a ilusão de uma alegria passageira, leio com alegria o Jornal do Comércio de 20 de novembro de 2011 e vejo o belíssimo exemplo de estudantes esforçados e determinados que moram na casa de estudante do Derby, na qual o meu pai morou há 40 anos atrás, dedicarem seu tempo e seu conhecimento para ajudarem comunidades carentes do Recife oferecendo serviços de saúde e principalmente amor.

Lembrei das palavras de Drummond, a confiança é um ato de fé, e esta dispensa raciocínio e sorri olhando para o vai e vem das árvores no parque da Jaqueira.

Pensei…

Sobressaiu-se, novamente, a esperança e a certeza de que tudo pode dar certo, quando há vontade sincera e energia focada para o bem comum.

Dessa forma, insisto em convocar os jovens para se unirem a causas justas, temos bons exemplos em Recife, em Pernambuco e no Brasil.

Temos grupos como o Novo Jeito que leva com ousadia cadeiras de rodas a população carente, temos a Orquestra Criança Cidadã, que reabilita pela música crianças carentes do Coque, temos 99% de ONGs brasileiras comprometidas com o bem comum e temos, principalmente, a vocação e a disposição dos jovens a lutar pelas boas causas.

Enfim, amigos não fiquem apenas vendo a banda passar, sigam as cantigas de amor da mesma e sigam espalhando a esperança de dias melhores que contemplem igualitariamente toda a nossa população.

Por fim, utilizo as palavras de um autor apresentado a mim por um bom amigo, que me disse orgulhosamente que se sente imensamente feliz e realizado em poder ajudar o seu próximo: Amar o próximo como amamos a nós mesmos significaria então respeitar a singularidade de cada um - o valor de nossas diferenças, que enriquecem o mundo que habitamos em conjunto e assim o torna um lugar mais fascinante e agradável, aumentando a cornucópia de suas promessas. (Zygmunt Bauman) Nota do Blog - Quem é Manuela Dantas?

Manuela Dantas tem 32 anos e trabalha como engenheira civil, formada pela Universidade Federal de Pernambuco.

Em abril do ano passado, ela sofreu um grave acidente de trabalho.

O carro em que viajava para Salgueiro, nas obras da Transnordestina, capotou no interior do Ceará.

Teve politraumas, perfuração do pulmão, hemorragia interna e lesão raquimedular.

Tornou-se cadeirante desde então.

Poderia aposentar-se, pelas leis trabalhistas, mas não aceitou trilhar o caminho mais fácil.

Como nunca desistiu de lutar, agora também guerreia por uma vida com igualdade de condições para todos os deficientes físicos que enfrentam dificuldades diárias nas situações mais cotidianas.

A convite do Blog, Manuela escreve semanalmente, para falar de cidadania e louvar o milagre da vida, conversando conosco.