Por José Diceu, em seu Blog Condenáveis não são as marchas contra a corrupção, mas sua manipulação pela mídia Evidente que a mídia continua a estimular as chamadas “marchas contra a corrupção” que, em si, nada têm de condenáveis, pelo contrário, são um exercício do legitimo direito constitucional e democrático de livre manifestação pública.
Mas, noticiá-las como fizeram a Folha de S.Paulo lamentando que a marcha só tenha reunido 200 pessoas em São Paulo e 30 em Brasília quando eram esperados “milhares” de manifestantes, e o Jornal Nacional da Rede Globo - que não deu esse tom da Folha - já é demais.
No noticiário, todos - e não só os dois citados - procuram capturar as marchas como manifestações contra o governo, quando elas têm uma pauta específica de protestos e reivindicações.
Também essa agenda delas está equivocada, mas o que chama a atenção é que giram em torno de medidas já aprovadas pelo governo, e/ou que tiveram participação decisiva de integrantes do PT e do governo em sua aprovação, o que é totalmente omitido do noticiário e pelos manifestantes.
A oposição, que não é boba, não participa do movimento Tanto que a oposição, que não é boba, não só não se integra ao movimento nem participa das manifestações, como não fala nada, deixa rolar.
Outro grande ausente das marchas, no caso da de Brasília neste feriado do 15 de novembro, foi um de seus organizadores, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.
Depois de ser acusado de receber indevidamente um supersalário do governo do Pará (nos últimos 13 anos, o que já totaliza mais de R$ 1,5 milhão) O grande catão não apareceu na fracassada manifestação de ontem em Brasília.
Chama a atenção, também, o fato de os manifestantes não terem incluído em sua agenda de reivindicações e não defenderem as reformas politica e administrativa, que eliminariam grande parte das causas da corrupção.
E de defenderem duas bandeiras que o Congresso Nacional já aprovou, o controle externo do judiciário, que deu origem ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Lei da Ficha Limpa.
PT defende CNJ e fim do voto secreto no Parlamento há 23 anos O controle externo do Judiciário e a criação do CNJ eram defendidos pelo PT, praticamente solitário, desde a Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988); a lei da Ficha Limpa, também aprovada pelo Congresso - o que o Supremo Tribunal Federal (STF) discute e decide agora é sua vigência e constitucionalidade - teve como relator o atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, então deputado pelo PT de São Paulo.
Já a defesa do fim do voto secreto no Parlamento, outro ponto da agenda dos manifestantes, é uma velha bandeira também solitária do PT que já o defendia em 1988, junto com o fim da aposentadoria dos deputados extinta em São Paulo pela luta do deputado Roberto Gouveia (PT) e da bancada do nosso partido.
Como vemos não temos nada contra as bandeiras elencadas pelas manifestações.
Pelo contrário.
Mas, chama a atenção que desvirtuem-nas de acordo com conveniências e a seu bel prazer.
Em Brasília, ontem, por exemplo, protestaram contra o governador do PT, Agnelo Queiroz - esquecendo, ao mesmo tempo, o grande ausente, repito, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.
Não protestam contra corrupção de governos tucanos Também em Brasília e nos demais lugares, esqueceram-se de protestar contra o escândalo da venda das emendas parlamentares por deputados tucanos ou da base aliada ao tucanato em São Paulo, um balcãode negócios que seria movimentado por 30% dos 94 paulistas.
Quem quantificou foi o principal denunciante do esquema, o deputado Roque Barbiere (PTB, da base aliada aos governos do PSDB de Geraldo Alckmin e de José Serra).
A pauta de protestos e reivindicações erradas e a omissão quanto aos escândalos de corrupção que envolvem governos tucanos desnuda o caráter das manifestações impulsionadas pela mídia e aparentemente sem lideranças.
Deixa claro que ela é uma campanha moralista que nas acusações de corrupção mira o PT e/ou a gestão Dilma.
Sem reconhecer a luta dos governos Lula e Dilma Rousseff contra a corrupção e a posição do PT de apoio à bandeiras do movimento, como a Lei da Ficha Limpa, o controle externo do Judiciário via CNJ e o fim do voto secreto no Congresso Nacional.