Por Terezinha Nunes, especial para o Blog de Jamildo Entre os anos de 2000 e 2008, os municípios do interior pernambucano tiveram crescimento do seu PIB em percentuais superiores ao do Grande Recife.
O aumento variou entre 18% no São Francisco a 4,94% no Sertão do Moxotó.
No mesmo período, a Região Metropolitana cresceu apenas 3,72%.
Os municípios interioranos, porém, pouco terão a comemorar daqui para a frente.
Além dos buracos que se multiplicam em suas estradas e da violência que avança sobre as menores cidades, onde a vigilância policial é menor, o boom de crescimento vivido pelo estado demonstra que nos próximos anos o interior vai ficar para trás.
Segundo levantamento realizado pela Ceplan, uma consultoria comandada pelo economista Jorge Jatobá, 77% dos investimentos privados que serão feitos no estado nos próximos cinco anos se concentrarão no Grande Recife.
Assim, dos R$ 52 bilhões que as empresas vão investir, incentivadas pelo estado e pela proximidade com Suape, R$ 40 bilhões ficarão na RMR.
No setor industrial, o que gera mais empregos, dos R$ 39,7 bilhões a serem desembolsados, só R$ 5,1 bilhões vão para o interior, mesmo assim de forma concentrada.
Por exemplo, R$ 4 bilhões ficarão em um único município, Goiana, por conta da fábrica da Fiat.
Era natural que a lógica do desenvolvimento estadual fosse invertida com a plena operação do Porto de Suape, concluído no primeiro mandato do ex-governador Jarbas Vasconcelos mas obra de todos os governadores que geriram o estado nos últimos 30 anos.
O que não se esperava era a extrema concentração desses investimentos, coisa que estaria ainda mais preocupante se a BR-232 não tivesse sido duplicada, permitindo, por exemplo que, após sua conclusão, um novo pólo de desenvolvimento ganhasse força no interior em torno de Santa Cruz do Capibaribe, uma das cidades que mais cresce economicamente no interior brasileiro.
Segundo a Ceplan, só em um setor o investimento no interior será maior do que no Grande Recife. É na construção civil que alocará nos próximos cinco anos R$ 6,1 bilhões no interior e R$ 4,4 bilhões na RMR, o que se explica pelas obras da Transnordestina e da Transposição do Rio São Francisco e ainda a depender dos recursos federais que estarão minguados por conta da crise econômica.
Jorge Jatobá sugeriu que o estado cuidasse de destinar mais recursos para programas sociais no interior para compensar essa concentração e trabalhasse um projeto que viesse a permitir que, aos poucos, as empresas se voltassem também para os municípios menores.
O difícil, porém, vai ser operar esta equação.
Pernambuco, exatamente por conta dos investimentos citados, vem, desde 2004, apresentando aumentos consideráveis na arrecadação do ICMS e este ano, até agora, é o 2.o estado brasileiro em crescimento percentual na arrecadação.
Isto tem permitido que o estado atraia investimentos mas comprometendo-se a conceder benefícios fiscais e dotar de infraestrutura os locais beneficiados.
Isso tem concentrado ainda mais os investimentos.
Se as grandes empresas ficam na Região Metropolitana e grande parte dos recursos do estado também se destinam a esta área, o interior vai demorar muito a experimentar uma melhoria no seu crescimento econômico e na prestação de serviços à sua população.
A situação das estradas, citada acima, é um dos maiores exemplos.
Estão esburacadas, quase não se consegue trafegar, e não se vê os investimentos prometidos.É que, para manter os compromissos com as empresas atraídas para cá, o Governo acaba espalhando-os pelo litoral e não vai poder mudar a lógica de repente, sem correr o risco de perder o que já foi conquistado.
CURTAS Inflação - Está sendo grande a proliferação de candidatos a prefeito no Grande Recife e no Interior.
Para se ter uma idéia, o município de Itamaracá tem pouco mais de 13 mil eleitores e já estão nas ruas seis pré-candidatos a prefeito, o que dá 2.180 votos por candidato.
Parece mais eleição de vereador.
Suape I - O promotor Ricardo Coelho traçou esta semana um cenário preocupante a respeito do Porto de Suape. “ Do ponto de vista ambiental, Suape é um desastre” – afirmou, criticando a falta de um projeto consistente que permita a convivência entre o crescimento econômico e o meio-ambiente.
Suape II - Os comerciantes de Porto de Galinhas também botaram a boca no trombone esta semana.
Em manifesto denunciam o abandono daquela praia pelo poder público.
Dizem que as pousadas antes destinadas aos turistas foram alugadas pelas empresas que constroem Suape, afugentando os turistas.