A movimentação do ministro Fernando Bezerra Coelho no Recife, apresentando-se como candidado a prefeito da capital, está diretamente relacionado com o projeto nacional do governador Eduardo Campos.

Preocupado cava vez mais com uma agenda nacional, o lançamento da candidatura própria do PSB inicialmente ajudaria Eduardo Campos a dar uma sinalização nacional de que não anda apenas a reboque do PT, a começar do plano local.

Não por acaso, o governador prestigia o aniversário do tucano Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, enquanto estreita cada vez mais os laços com o PSD de Kassab, ganhando musculatura em São Paulo, onde são decididos os destinos do pais.

O governador Eduardo Campos teria a opção, ao final de sua segunda gestão, de tentar e obter facilmente uma cadeira no Senado por Pernambuco, mas ele está a cada dia mais embriagado com a disputa nacional.

Só que o governador não vai ser candidato ao Senado, apenas porque não planeja ser mais um entre oitenta senadores.

Na análise dos socialistas, seria hora do presidente nacional do PSB lançar-se no vácuo de novas lideranças da política nacional.

Por este raciocínio, Eduardo Campos poderia aproveitar-se do fato de que Aécio Neves, estrela tucana, não vem acontecendo no Senado, como se poderia esperar.

Nomes como José Serra, Ciro Gomes e até mesmo Lula, pelos problemas de saúde e idade avançada, seriam nomes fora do baralho.

Um nome jovem que poderia despontar seria Sérgio Cabral, mas sua campanha contra a divisão dos royalties enfraquece sua imagem no Nordeste. É neste contexto que, a partir do aval do Palácio do Campo das Princesas, FBC está levando a sério a postulação no Recife.

O ministro até já comunicou a Humberto Costa que seria candidato, se o PT apresentar o nome de João da Costa.

O próprio Humberto Costa acha que está muito bem em Brasília e não aceita ser uma terceira opção, entre João da Costa e João Paulo.

Já há várias sinalizações de que Eduardo Campos não planeja rumar com João da Costa ou com o PT nas eleições de 2012.

A mais evidente de todas foi a substituição de Milton Coelho na direção partidária.

Não daria para renunciar ao cargo de vice sem gerar um racha público.

Assim, Milton Coelho perdeu o cargo de presidente do PSB justamente por conta da condição de vice-prefeito do Recife, numa espécie de desvinculação prévia.

Sileno Guedes, seu substituto, já assumiu falando que o PSB precisa se fortalecer na Região Metropolitana do Recife.

A atuação do bloco PSB/PSD na Câmara Municipal é sintomática desta desvinculação. É cristalino que a movimentação tem a autorização do palácio.

Não se vê uma única declaração de gente do PSB defendendo João da Costa.

Danilo Cabral pulou fora O que fez o PSB importar um nome do São Francisco para a capital, para participar da disputa?

Ajudou muito no processo a recusa de Danilo Cabral em assumir novos desafios.

Ele recebeu a proposta de ser candidato a prefeito de Ipojuca, com ajuda de Carlos Santana e Pedro Serafim, mas não aceitou.

Além de se enfraquecer como nome do PSB no Recife com a chegada do forasteiro FBC, Cabral pode ter inviabilizado suas chances para o governo em 2014.

O descarte de Danilo Cabral se daria com o namoro entre o PSB e o PTB, nas figuras de FBC e Armando Monteiro Neto.

Nesta quarta-feira, FBC jantou em Brasília com o senador Armando Monteiro (PTB-PE), que já está em plena campanha para governador em 2014 Agenda com o PTB A costura de FBC com o PTB interessa aos socialistas porque, de quebra, Armando Monteiro Neto seria um importante ator nacional a ajudar o projeto nacional de Eduardo Campos.

Além de deputado federal, a passagem pela CNI deu relevância nacional ao pernambucano no meio industrial.

No plano simplesmente eleitoral, Armando Monteiro Neto foi o senador mais votado no Recife.

Mas a movimentação não interessaria apenas ao PSB uma vez que, ao fazer um gesto para com o PSB, o PTB esperaria uma retribuição dos socialistas em 2014.

Nessa costura, quem dança é o deputado estadual Sílvio Costa Filho, que já declarou intenção de disputar o Recife, mas não seria problema no processo.

Onde entra João Paulo nesta história?

Como foi preterido pelo PT, é evidente que João Paulo não aceitará subir no mesmo palanque que João da Costa.

Não sem um constrangimento monstro. É por essas e outras que há quem aposte que João Paulo pode abandonar o partido lá mais na frente, em 2012, buscando abrigo em outra legenda, onde seria apresentado como candidato ao Senado em 2014.

A confirmar.

Envelhecimento do PT Sobre o PT, a principal leitura que se faz é o envelhecimento de suas lideranças na política.

A Frente Popular faz a análise de qualquer candidato enfrentará dificuldades para defender uma candidatura de situação.

O PT de Pernambuco não se entende sobre a escolha do candidato do partido a prefeito do Recife em 2012.

Assim, Se Fernando Bezerra Coelho realmente conseguir o apoio do PTB de Armando Monteiro vai para o espaço o sonho de o PT encabeçar uma candidatura única dos partidos que dão sustentação ao atual governador, Eduardo Campos.