Do Jornal do Commercio A polêmica em torno do gelo-baiano colocado pela Prefeitura do Recife na Praça São José dos Manguinhos, nas Graças, bairro da Zona Norte, levantou um debate sobre a funcionalidade dos blocos de concreto.
Quase sempre pintados de amarelo, os artefatos servem para sinalizar pistas.
Na capital pernambucana, costumam fechar retornos desativados em avenidas e demarcar ruas interditadas para eventos ou obras públicas.
Leitor atento do Blog questiona como menina na cadeira de rodas entra na praça da Casa dos Frios De tão comum, o gelo-baiano é definido por arquitetos e urbanistas como paisagem invisível, aquela que a pessoa nem percebe mais porque se acostumou a vê-la. “Isso é terrível e acontece também com postes e fios, jardins maltratados de praças e até com pedintes”, comenta o paisagista Luiz Vieira, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Na delicada Praça São José dos Manguinhos, no entanto, o gelo-baiano não tinha como não ser visto.
Até porque as peças não estão na rua, mas sobre a calçada, lembra Luiz Vieira.
A opção pelo bloco de concreto, na avaliação do paisagista, é uma forma de resolver o problema de maneira muito mecânica. “Não se deve pensar apenas no critério da necessidade, o gelo-baiano é uma barreira agressiva à estética da cidade.” Três anos atrás, Luiz Vieira fez parte de um grupo de engenheiros, arquitetos e publicitários que sugeriu a substituição do gelo-baiano por jardineiras feitas com carcaça de pneus usados.
O invento, batizado gelo-pernambucano, teria a mesma função no trânsito, mas seria um jardim com plantas nativas. “Ninguém se interessou.” Os blocos de concreto são vistos na Avenida Agamenon Magalhães, no Cais do Apolo e na Avenida Mário Melo, fechando retornos. “Seria melhor completar a calçada do canteiro central, com a mesma pavimentação.
O gelo-baiano deforma a arquitetura da cidade”, declara o estudante Josimar da Silva. “É horrível e causa má impressão”, diz o funcionário público federal Everaldo Moura apontando 15 blocos na esquina da Torre Malokoff, prédio de uso cultural do Bairro do Recife.
O município utiliza as peças para interditar o acesso à Praça do Arsenal, quando há eventos no lugar. “Deveriam recolher para um depósito depois das festas, mas deixam aqui o ano todo, sem mais utilidade.” Na Avenida Mário Melo, perto da Rua da Fundição, em Santo Amaro, as peças bloqueiam um retorno, para melhorar a fluidez do trânsito, mas criam um questionável estacionamento. “A CTTU multa, mas há sempre carro parado no meio da rua”, comentam motoristas. “O problema é que o município não oferece vagas”, completa o taxista Válter Ramos.
Numa calçada junto do prédio da prefeitura blocos cercam uma área, impedindo estacionamento.