Por álvaro Filho, no Jornal do Commercio Gente, muita gente e calor maior ainda.
A acanhada sede do PSB ficou ainda menor durante a convenção estadual do partido maior protagonista do Estado, que a partir de ontem tem um novo presidente: o secretário de Articulação Regional, Sileno Guedes.
O concorrido evento socialista atrapalhou o trânsito da pacata rua do Espinheiro, ao ponto da CTTU ter sido convocada para disciplinar os correligionários que teimavam em estacionar onde não deviam, mas os pormenores de mobilidade urbana nem de longe embaçaram a posse do novo mandatário, bastante festejado.
Devido à alta temperatura do ensolarado domingo, em matéria de popularidade Sileno só perdeu para o requisitadíssimo bebedouro instalado num canto da casa.
Sileno substitui ao vice-prefeito do Recife, Milton Coelho, seis anos na presidência estadual do partido, que segundo a versão oficial da legenda procurou o governador Eduardo Campos para externar o pensamento de que já era hora de trocar de função.
Uma reflexão pessoal que “coincidentemente” casa com as críticas de que Milton não era lá muito disposto no atendimento às bases, políticos e jornalistas, além de não ser politicamente estratégico ter um presidente da legenda como vice de uma gestão que, se hoje a duras penas compõe uma frente, amanhã pode ser adversária de uma disputa eleitoral.
Presidente nacional do PSB, o governador, em viagem a São Paulo, foi a grande ausência.
Ele e também o agora ex-presidente Milton Coelho, que não deu o ar da graça.
Mas não foi esquecido.
Quando Sileno Guedes pegou o microfone para um improvisado discurso de posse embaixo de um toldo, foi citado pelo seu sucessor, que fez questão de creditar o crescimento do PSB em Pernambuco ao trabalho dele.
Defesa repetida em uníssono e exaustivamente pelas demais lideranças socialistas presentes no encontro: a secretária da criança e da Juventude, Raquel Lyra, o líder do governo na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Waldermar Borges, e a vereadora Marília Arraes.
Conversando com os jornalistas, Sileno Guedes afirmou que vai trabalhar a favor da Frente Popular e para que a legenda tenha na região metropolitana a mesma força que no interior do Estado.
Isso incluiria a Capital?. “Trouxemos um quadro com trabalhos relevantes em Pernambuco para cá (o petrolinense Fernando Bezerra Coelho), mas qualquer decisão só será tomada após uma reflexão”, disse, antes de proferir uma frase para lá de emblemática: “Até porque o Recife não é uma obra acabada”.
Quando se deu conta de que poderia ser mal interpretado, o novo presidente tentou se corrigir, sem muito sucesso.
Preferiu encerrar a primeira coletiva no novo cargo, levantando-se no meio de uma das perguntas.
Com a garganta seca de tanto falar, foi buscar alívio em seu maior concorrente do dia: o bebedouro no canto da sala.