O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi hoje (24.10) à tribuna falar sobre o militante comunista David Capistrano de Castro, que desapareceu em 1974 em plena ditadura militar.

Jarbas quer que o caso seja investigado pela Comissão da Verdade, criada para examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 até a data da promulgação da Constituição de 1988.

Capistrano nasceu no Ceará, mas foi dirigente do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em Pernambuco, onde se elegeu deputado estadual e também comandou jornais ligados ao PCB (“A Hora” e “Folha do Povo”). “O Brasil precisa se reencontrar consigo mesmo e esclarecer de forma definitiva, sem quaisquer dúvidas, casos como da bárbara morte de David Capistrano, do desaparecimento de Rubens Paiva e de centenas de assassinatos de brasileiros por setores do aparelho repressivo do regime ditatorial.

Esses episódios representam páginas incompletas da História do Brasil, representam um período sombrio, no qual a barbárie foi patrocinada pelo Estado, os abusos e o desrespeito dos Direitos Humanos tomaram proporções assustadoras”, afirmou Jarbas Vasconcelos.

O senador pernambucano argumentou que esse trabalho não se trata de revanchismo, “mas sim de uma necessidade premente do nosso País, de se transformar numa sociedade democrática e desenvolvida, de forma plena, jogando luz onde a história ainda é marcada pela escuridão”.

Jarbas anunciou que trataria do assunto com o relator da Comissão da Verdade no Senado, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

Jarbas Vasconcelos pediu a transcrição para os anais do Senado um artigo publicado pela atriz Mika Lins, na “Folha de S.Paulo” do último domingo, intitulado “A outra vida do tio Enéas”.

Mika é filha de um dos amigos de David Capistrano em São Paulo e o conhecia pelo nome de “Tio Enéas”.

Mika conta sua relação com o Capistrano e também fala da forma como ele desapareceu, após tentar entrar de forma clandestina no Brasil, em 1974.

De acordo com o livro “Sem Vestígios”, da jornalista Taís Morais, David Capistrano foi preso, torturado, morto e esquartejado.

A história é bárbara: “Um tronco, dividido ao meio.

As costelas de Capistrano pendiam ao teto, e ele, reduzido aos pedaços, como se fosse uma carcaça de animal abatido, pronta para o açougue”.

Para Jarbas, existem episódios da nossa história que não devem ser esquecidos. “Este é um deles.

E mais ainda: devemos ter em mente que lembrar esses acontecimentos ajuda a impedir que eles se repitam no futuro”, disse o senador pernambucano. (24.20.2011)