Do Jornal do Commercio A briga travada na Frente Popular entre socialistas e petistas, embora sirva para esquentar a pré-campanha, não é inédita.
Em 11 das últimas 15 eleições em Pernambuco, o PT e a Frente Popular - capitaneada de início pelo PMDB e, posteriormente, pelo PSB - estiveram em palanques opostos.
Só em quatro pleitos foi possível uma aliança, e mesmo assim nem sempre com a harmonia desejada.
A argamassa que contribuiu para a unidade chamava-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem o ex-presidente, as alianças só se deram em momentos de fragilidade de um dos partidos.
Na avaliação do cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, PT e PSB só se uniram em 2006, por exemplo, por conta do projeto de reeleição de Lula. “Ali, mesmo com a derrota de Humberto para Eduardo no primeiro turno, o PT se apressou em declarar apoio ao PSB no segundo turno, graças ao peso de Lula no palanque”, explica.
E é a ausência do fator Lula que pode colocar os dois partidos em lados opostos na disputa do próximo ano ou na de 2014 quando, segundo Velho Barreto, pode se desenhar um quadro de conflito entre as legendas. “Se Eduardo articular um projeto paralelo à candidatura de Dilma Rousseff à reeleição, talvez com Aécio Neves, PT e PSB vão se afastar em Pernambuco. É o reflexo do plano nacional”, prevê.
De acordo com Velho Barreto, mais que o PSB em si, é preciso levar em conta a Frente Popular enquanto conjunto de forças, em torno do qual sempre orbitou um grupo forte do PT estadual.
Muitas vezes, esses “simpatizantes” não puderam se aproximar por decisão da maioria do PT.
Aconteceu, por exemplo, na eleição de Miguel Arraes em 1986, quando caciques petistas - entre eles, Bruno Maranhão e Humberto Costa - defendiam a aliança, mas esbarraram nos setores radicais do partido, que não admitiam apoiar uma chapa com um usineiro (Antônio Farias/senador) e um ex-arenista (Carlos Wilson/vice).
O debate, de tão intenso, imobilizou o PT.
Em 1990, uma situação semelhante: a cúpula petista tentou uma aliança com Jarbas Vasconcelos - candidato a governador pela Frente Popular - mas queria que ele trocasse o PMDB pelo PDT, que considerava mais “confiável”.
Diante da recusa, o acordo fracassou e o PT lançou a candidatura de Paulo Rubem, dividindo o palanque e favorecendo a vitória de Joaquim Francisco (PFL).
Em 1994, outra condição frustraria o acordo: o PT queria a vice na chapa da Frente Popular.
Arraes ofereceu o Senado e veio a recusa.
O PT ficou fora da chapa e teve que apoiar Arraes informalmente.
Ganhou a Secretaria de Saúde, mas entregou dois anos depois, quando afastou-se do governo.
Para 2012, um novo distanciamento se desenha, na avaliação de Velho Barreto, com a colocação do ministro Fernando Bezerra Coelho como opção do PSB no Recife. “Não é uma iniciativa de Bezerra Coelho. É o PSB mirando 2014.
O partido fez parecido em 2004, quando lançou Telga Araújo para a PCR, mas retirou depois de acertar a nomeação de Eduardo Campos para o Ministério da Ciência e Tecnologia”, conta o estudioso.
Dessa vez, segundo ele, a retirada de Bezerra e o apoio ao candidato petista estaria condicionado ao apoio do PT em 2014 a um candidato socialista ao governo do Estado. “Eduardo pretende construir um discurso de unidade para duas eleições.
Se conseguirá, ainda não dá para saber”, conclui.