Do Jornal do Commercio O mais recente capítulo da briga foi “encenado” na Câmara do Recife.

A começar pela iniciativa do PSB municipal em formalizar um bloco parlamentar com o PSD, que mantém uma posição indefinida sobre a gestão do prefeito João da Costa (PT).

De quebra, o novo grupo atraiu o PTN e, com 12 vereadores, não só se tornou a maior bancada do Legislativo municipal como superou em duas vezes o número de petistas na Casa.

A ofensiva socialista não parou por aí.

Logo na primeira oportunidade, o bloco, liderado pela vereadora Marília Arraes (PSB), entrou em rota de colisão com o líder do governo, Luís Eustáquio (PT), quando se mobilizou pela reconvocação de duas secretárias municipais que se ausentaram de uma audiência pública promovida por Aline Mariano (PSDB).

Não fosse pela movimentação de Marília, a oposição dificilmente conseguiria aprovar o requerimento na Casa, de ampla maioria governista.

Mesmo sendo tratada como uma “discordância circunstancial”, a insurgência da socialista foi um sinal concreto da independência do bloco em relação ao PT.

Visivelmente incomodado com a perda de controle de uma parcela significativa da base aliada, Eustáquio chegou a fazer um apelo para que os dirigentes dos partidos que compõem o bloco externassem quais as orientações políticas repassadas aos vereadores.

Até o secretário municipal de Governo, Henrique Leite (PT), fez questão de alertar que, como o bloco permanece na base de apoio ao prefeito, deve seguir as orientações do líder Luís Eustáquio.

Nenhum socialista contrariou a declaração do secretário.

Todavia, sempre que reitera o apoio à gestão municipal, Marília Arraes ressalta que o bloco não o praticará de maneira “cega”.

Em outras palavras, a coalizão, a princípio, obedecerá os direcionamentos governistas, mas poderá trilhar caminho próprio, quando achar necessário.

A desconfiança dos petistas em relação à postura “semi-independente” do PSB na Câmara não à toa, e ultrapassa o território legislativo.

Tem como pano de fundo a transferência de domicílio eleitoral do ministro Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) para o Recife, levantando a possibilidade de o PSB lançar sua candidatura em 2012.

Tal hipótese, inclusive, havia sido cogitada pela própria Marília em fevereiro deste ano, quando foi desautorizada pelo presidente estadual do PSB, Milton Coelho.

Enquanto a questão majoritária não se define, o PT tenta traçar estratégias para fazer frente ao PSB na Câmara.

A formação de um outro bloco partidário, por enquanto, foi descartada tanto por Henrique Leite como por Eustáquio.

A ordem oficial é tentar afinar o discurso com o bloco, que ainda apresenta como obstáculo o PSD.

Segundo Leite, João da Costa deve se encontrar com o presidente estadual da legenda, André de Paula, nas próximas semanas e, posteriormente, convocar os membros do grupo para uma reunião, a fim de construir uma aproximação.