O pastor evangélico David Castro, 56, disse à Folha que recebeu “muita pressão” para pagar propina sobre o R$ 1,2 milhão que recebeu do ministério.
Folha de São Paulo - Quando o sr. fez o convênio com o ministério houve pedido de propina?
David Alves de Castro - O que posso dizer para você é o seguinte: houve pedido, houve pressão, mas eu não vou dar nome de ninguém.
Nós não pudemos dar.
Que problemas o sr. enfrentou por não aceitar?
Houve dificuldade porque evidentemente não houve propina.
Aí, o que acontece?
Eles dificultam, dizem que não vão aceitar.
Eles falavam em nome do ministro?
Eles falavam em nome do ministro Agnelo, lógico, e do PC do B.
Todos eles usavam o nome do ministro.
Diziam: é pro ministro.
A entrada do projeto foi feita no início do ano, quando ele ainda estava lá.
Quem me procurou foi em nome dele.
Mas quando o sr. assinou o ministro era o Orlando.
Não conhecia o Orlando.
E as pressões?
Quando liberou a primeira parte do dinheiro, aí veio um monte de urubu querendo comer o filezinho do projeto O senhor se lembra quem eram os “urubus”?
Fui procurado por duas pessoas.
Um deles com cargo no ministério.
Quanto pediram ao sr.?
Eles queriam esse valor de 10%.
Queriam a qualquer custo.
Eles alegavam que era para suporte político do ministro.
Em tudo tinha dificuldade.
Por exemplo, o ministério tinha que fornecer as camisetas para os alunos.
Só que de 5.000 camisetas você recebia metade.
O sr. se recusou a pagar propina, mas recebeu o valor total do convênio.
Saiu porque eles ficavam naquela expectativa de que quando saísse a maior parte eles imaginavam que a gente fosse liberar.
Só que na igreja eu não trabalho sozinho.
Para eu roubar eu tenho que roubar junto com muita gente.
Aí, minha filha, foi difícil.