Do Jornal do Commercio Em depoimento de pouco mais de três horas na Câmara, o ministro do Esporte, Orlando Silva, insistiu na tese de que é uma “narrativa falsa, fundada em mentiras e inverdades” o seu envolvimento num esquema de desvio de verbas públicas e se disse vítima de um “tribunal de exceção”.

Debaixo de aplausos e por vezes até ovacionado, o ministro foi elogiado por sua postura “transparente” tanto pelos aliados quanto por parte da oposição.

Os tucanos também defenderam o ministro.

Delegado da Polícia Federal, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) destacou “não ver culpa nos olhos” de Orlando Silva. “Estou acostumado a ouvir bandido e não vi traço de alguém que recebeu pacote de dinheiro.” Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi outro que aproveitou sua fala para elogiar a atuação do ministro. “A postura de Vossa Excelência bate com o que espero de um ministro de Estado.

Seja pela transparência, seja por sua atitude republicana”, disse.

Orlando contou com a “proteção” de líderes de quase todos os partidos da base que se revezaram nos microfones fazendo sua defesa. “A fala de Vossa Excelência aqui encerra este debate.

Quero que volte outras vezes para falar da Copa e das Olimpíadas”, arrematou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O ministro se referiu ao policial militar João Dias Ferreira, um dos autores das denúncias, como “criminoso” e uma “fonte bandida”. “Quem faz a agressão?

Eu aconselho que procurem informações.

Trata-se de um desqualificado, um criminoso, uma pessoa que foi presa, uma fonte bandida”, disse o ministro.

Ele ressaltou que o policial não apresentou ainda provas sobre as acusações. “Até aqui esse desqualificado falou e não provou.

Não provou porque não tem provas.

Quem tem provas do malfeito sou eu e estão aqui.

Foi tudo encaminhado ao Tribunal de Contas da União.” Dias Ferreira é acusado de desviar recursos de dois convênios firmados por duas entidades com o Ministério do Esporte.

Dizendo-se inocente, Orlando afirmou ser vítima de um “tribunal de exceção” pelas acusações que vem sofrendo nos últimos dias. “Acusar alguém e não provar, acusar alguém sem o devido processo é fazer um tribunal de exceção.

Isso tangencia para o fascismo.” Também ontem, o presidente da República em exercício, Michel Temer, disse que o ministro “tem demonstrado convicção” nos esclarecimentos que vem prestando desde que a revista Veja publicou acusações sobre suposto desvio de verbas públicas do programa Segundo Tempo.