O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco abriu inquérito para investigar possíveis irregularidades trabalhistas na empresa Na Intimidade, importadora de material hospitalar descartado dos Estados Unidos, usado na confecção de forros de bolsos.
Inicialmente, o objetivo da investigação é apurar dois indícios que o órgão tomou conhecimento nesta terça (18): trabalho infantil e ausência de uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI).
O procedimento foi aberto pela procuradora do Trabalho Ana Carolina Ribemboim, lotada em unidade do MPT em Caruaru, que atende a Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, municípios em que a empresa possui depósito.
De acordo com Ana Carolina, que ficará à frente da investigação, informações sobre os problemas começaram a circular por Caruaru.
Em uma rádio, um pai falou que os filhos, menores de idade, trabalhavam na empresa.
Em outra entrevista, foi noticiado que funcionários, cerca de 13 pessoas, trabalhavam sem os EPIs.
Segundo a Constituição Federal, só é permitido trabalhar a partir dos 16 anos, exceto nos casos de trabalho noturno, perigoso ou insalubre, nos quais a idade mínima se dá aos 18 anos.
Também é permitido o trabalho a partir dos 14 na condição de aprendiz.
Quanto ao manuseio do material hospitalar, a procuradora esclarece que o correto, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seria ele nem acontecer, vez que a reciclagem desse tipo de resíduo é proibida.
No entanto, havendo contato, como no exemplo de lavanderias, os profissionais deveriam instados pelo empregador a usar os equipamentos de proteção, além de adotar medidas preventivas como vacina contra hepatite. “O uso do EPI não é uma faculdade do trabalhador.
Antes de tudo, ele precisa ser colocado pelo empregador, que deve fornecer o material sem custo e em boas condições para o empregado”, lembra a procuradora. “Os fatos precisam ser apurados.
Devidamente verificados e comprovados esses e/ou mais ilícitos, o MPT traçará a sua atuação, para sanar a situação, bem como reparar as pessoas e toda a sociedade pelo dano moral”, afirmou.
Pedidos – No despacho de abertura do inquérito, a procuradora do Trabalho também pediu a expedição, com urgência, de ofício à Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) e à Anvisa, requisitando o envio de toda documentação referente ao caso, como ainda, do relatório pericial, do Instituto de Criminalística de Pernambuco, de análise das substâncias encontradas nos tecidos comercializados. À Polícia Federal demandou cópia do Inquérito Policial instaurado e à Gerência Regional do Trabalho e Emprego, fiscalização no âmbito dos galpões da empresa, com a maior brevidade.
Histórico – Dois contêineres contendo 46 toneladas de lixo hospitalar importados pela empresa Intimidade, de Santa Cruz do Capibaribe, foram apreendidos pela Receita Federal, em Suape, na última quinta.
A empresa vende retalhos para forros de bolsos não só no polo de confecções, mas para o Brasil e exterior, pela internet.
Raquel Lyra integra discussões sobre Polo de Confecções Representante da região, a secretária estadual da Criança e da Juventude, Raquel Lyra, participou da reunião com o governador Eduardo Campos, no Palácio do Campo das Princesas, que discutiu estratégias para minimizar os impactos da polêmica da importação de lixo hospitalar no Polo de Confecções do Agreste.
Estiveram reunidos prefeitos, vice-prefeitos, líderes empresariais e diversos representantes de Caruaru, Santa Cruz e Toritama. “Serão trabalhados para criação uma forma de comunicação para esclarecer a população sobre as investigações que estão em curso, as chances de contaminação, que são poucas por causa de todo o processo pelos quais os tecidos passaram, e o impacto socioeconômico”, disse.
A secretária, que também representou o vice-governador João Lyra Neto, que está em São Paulo, destacou a importância da criação de um comitê para discutir o assunto. “É preciso unificar a comunicação para acalmar a população.
Todos nós sabemos da importância do Polo de Confecções do Agreste, que gera muitos empregos e não pode ser prejudicado por um fato isolado”, afirmou.
A secretária elogiou a estratégia do governador Eduardo Campos, que pretender utilizar a crise como oportunidade para tornar o setor de confecções ainda mais conhecido e destacar a qualidade dos produtos.
Raquel Lyra já iniciou as conversas com representantes do segmento da região para continuar as discussões nos municípios, conforme foi discutido durante o encontro desta terça (18).