Por Sílvio Rodrigues* Historicamente, o pernambucano tem demonstrado que é um povo aguerrido.
Da época dos Donatários até os dias de hoje, longa é a seqüência das revoltas, revoluções, motins, insurreições, levantes e quarteladas.
Nestes cinco séculos de história do Brasil o povo pernambucano sempre se organizou, conspirou se armou e enfrentou seus adversários, morrendo por um ideal, ora político, ora social, ora religioso, ora econômico.
Revoluções que foram da resistência à dominação holandesa, à atuação do Movimento Operário em Pernambuco, às lutas do Cangaço, às Ligas camponesas e as lutas contra a Ditadura Militar.
Temas como a distribuição de terras desde a época dos donatários até hoje; a resistência negra à escravidão e o movimento republicano.
Destaco as lutas contra a centralização imperial durante todo século XIX, onde o movimento republicano esteve presente com a Confederação do Equador que tinha além do ideário republicano, bandeiras como o direito de opinião, a liberdade de imprensa, a igualdade de direito de todos e a obrigação do estado de oferecer instrução elementar a todos os seus súditos e a Revolução Praieira.
Fervilhava a idéia do iluminismo Francês no Recife.
O socialismo utópico francês de Blanc, Fourier e Proudhon, estavam presentes nos inúmeros revolucionários pernambucanos.
O mais Conhecido foi o General José Inácio de Abreu e Lima.
A nossa cidade era conhecida como “Recife, a noiva da revolução”.
Não podemos falar do perfil lutador do povo Recifense sem falar da Câmara Municipal do Recife.
A instalação da Câmara de Vereadores do Recife ocorreu no mesmo dia em que o Recife foi elevada à categoria de Vila (15 de fevereiro de 1710), há 301 anos.
Nesta época havendo o controle da câmara municipal de Olinda pelos senhores de engenho.
A conquista do direito em 1703, de representação na Câmara de Olinda não bastava, pois o forte controle exercido pelos senhores sobre a Câmara tornou esse direito, na prática, inexistente.
A grande vitória dos recifenses ocorreu com a criação de sua Câmara Municipal em 1709, que libertava, definitivamente, os comerciantes da autoridade política olindense.
Na década de 40, José Mariano, primeiro prefeito do Recife foi eleito patrono da Câmara Municipal, mais uma vez a prova do perfil aguerrido do nosso povo.
Jose Mariano Carneiro da Cunha ao lado de Joaquim Nabuco foram lideres do movimento abolicionista e republicano em Pernambuco.
Com o surgimento e consolidação das Leis Trabalhistas, havendo a necessidade da criação de uma entidade que lutasse e reivindicasse os direitos da classe médica em nosso Estado.
No dia 14 de outubro de 1931, trinta e três médicos em assembleia da Sociedade de Medicina de Pernambuco, liderados por uma comissão composta por grandes nomes da Medicina Pernambucana como Barros Lima, Edgar Altino, Ageu Magalhães, Geraldo de Andrade e Jorge Lobo, criam a entidade sindical representativa dos médicos.
Aparece definitivamente no cenário sócio-político estadual e nacional o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). É o sindicato mais antigo no Nordeste e um dos mais antigos no País, tendo como seu primeiro presidente o professor João Marques.
Ao longo da sua história, mantendo a tradição de luta do povo pernambucano o Simepe tem atuado ao longo dos seus 80 anos.
Movimentos como Diretas já, mudanças na politica econômica, criação de uma central que unificasse todos os trabalhadores, revogação da lei de segurança nacional, convocação de uma assembleia nacional constituinte, reforma tributaria, convocação da nona conferencia nacional de saúde foram encampadas pelo REME (Renovação Médica).
Nos últimos 18 anos a unificação das entidades médicas trouxe novas conquistas para os médicos do estado e dos municípios.
Aumentos salariais, carreira médica, PCCV, unificação da Carreira no Estado, concursos público estadual e municipais.
Na medicina suplementar citamos como exemplo: os reajustes e a criação da CBHPM.
Movimentos grevistas, movimentos demissionários, ações civis coletivas, descredenciamentos foi à forma de reivindicação dos médicos.
Ainda vivemos hoje com a precariedade das relações de trabalho, principalmente, nas cidades do interior do estado e ameaças de reversão destas conquistas com o fim da carreira estatutária.
Hoje, o Simepe leva a ideia da carreira para os municípios do interior.
Cabo Santo Agostinho, Petrolina, Caruaru, Jaboatão, Abreu e Lima estão na pauta atual.
As conquistas do Recife e no Estado de Pernambuco são referencias nas capitais e nos estados do norte a sul.
O Simepe, hoje, encontra-se na vanguarda do movimento médico nacional.
Somos referencia de lutas e de conquistas no Pais.
Para concluir agradeço em nome de todos os médicos , a todos os funcionários do Simepe, a toda diretoria. *Silvio Rodrigues – presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) - discurso proferido em Sessão Solene da Câmara de Vereadores do Recife (14/10/2011)