O projeto de construção da Avenida Beira Rio, via de 21 quilômetros que ligaria 21 bairros, foi tema de audiência pública realizada no plenarinho da Câmara Municipal do Recife.

Desde que foi lançado, em 1996, a proposta vem gerando polêmicas, intensificadas nos últimos três anos, quando a Prefeitura do Recife deu início às desocupações das áreas que estariam no traçado do projeto.

Para a oposição, a exemplo do que aconteceu recentemente com o alargamento do viaduto Capitão Temudo, a administração municipal esqueceu de atualizar o projeto.

No primeiro trecho da obra, entre as pontes da Torre e da Capunga, pelos menos seis construções “surgiram” no traçado da via (três dos quais são edifícios de grande porte).

Além disso, depois de demolir alguns estabelecimentos comerciais que funcionavam na cabeceira da Ponte da Torre, entre eles o Bar Garagem, o projeto mergulhou de vez na polêmica e numa disputa judicial como o proprietário do bar, Nilson Coutinho.

Para discutir os benefícios que a avenida traria e ajudar a entender a polêmica envolvendo o projeto, participaram do encontro o presidente do Sindicato dos Arquitetos de Pernambuco e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), Francisco Buarque; o presidente do PSOL em Pernambuco e representante do Movimento Ecossocialista, Edílson Silva, e as advogadas Ena Nadja Bandeira e Márcia D’Almeida Lins, que representavam as partes interessadas no projeto.

Apesar de terem sido convocados, a secretária Especial de Gestão e Planejamento, Eveline Labanca; e a presidente da URB, Débora Vieira Chaves Mendes, não compareceram nem enviaram representantes.

O mesmo aconteceu com o Ministério Público de Pernambuco.

A vereadora Aline Mariano, autora do requerimento da audiência, lamentou a ausência da Prefeitura do Recife e garantiu que apresentará nova convocação para que a administração municipal apresente suas explicações. “A atitude da Prefeitura de não comparecer à audiência foi de completo desrespeito para com a Câmara Municipal.

Essa casa não pode ser tratada como uma casa de protocolo”, protestou Aline.

Edílson Silva denunciou a ocupação irregular das margens do Rio Capibaribe, com prédios situados a menos de 5 metros da margem e alguns muros banhados pelo espelho d’água, enquanto a legislação municipal exige uma distância mínima de 20 metros.

Edílson ainda questionou a retirada forçada de famílias e estabelecimentos comerciais da área sem uma decisão judicial para tal ato, enquanto prédios e até uma faculdade permanecem intactos.

Representando o Crea, o conselheiro Francisco Buarque prometeu levar o assunto para apreciação de plenária do órgão e afirmou que iria solicitar a convocação dos profissionais da Prefeitura responsáveis pela aprovação dos projetos de construção para dar explicações ao órgão. “Se a Prefeitura não vem aqui, seus profissionais terão que dar explicações ao Crea”, afirmou.