Caros membros da equipe JC, escrevo esse e-mail tendo em vocês uma esperança em denunciar um problema que diz respeito à preservação das áreas verdes na cidade e, sobretudo, à acessibilidade dos cidadãos cadeirantes ou com dificuldades de locomoção que lutam para ter seus caminhos preservados e construídos em uma cidade onde se respeita cada vez menos o próximo.
Sou morador do bairro das Graças, no Recife, bem em frente a praça São José dos Manguinhos, pequeno espaço verde e público ao lado da Rua Confederação do Equador e que desemboca na Av.
Rui Barbosa.
Espaço imprescindível na região, a praça servia de de passeio para pedestres e cadeirantes que queiram acessar a Rui Barbosa e ruas próximas com segurança além de uma excelente área verde para descanso e repouso no caos de carros que é a cidade do Recife.
Há aproximadamente seis meses, contudo, o espaço se tornou um estacionamento ilegal da Casa dos Frios e do Bar Ferreiro Prime, ditos refinados comércios da região.
A todo momento, em todos os horários, carros e mais carros dos clientes desses estabelecimentos invadem a praça, estacionando junto às árvores, entre os postes ou em cima da passagem que leva até a Avenida Rui Barbosa e que, por conseguinte, também liga da Rui Barbosa até a praça e suas ruas próximas.
Os pedestres, sem praça e sem calçadas, andam no meio da rua enquanto observam uma área verde ser ocupada e destruída por carros e, obviamente, seus proprietários.
A primeira atitude dos pedestres e moradores da região foi chamar a CTTU.
Quase que diariamente, nos últimos seis meses, um grupo de amigos do bairro ligou para o serviço 0800 da Companhia de manhã, à tarde e à noite (número de telefone 0800 081 1078 ) denunciando estacionamento ilegal em cima de praça pública e obstrução das calçadas próximas ao bairro.
Foi inútil.
Nunca se viu, em momento algum, um guarda da CTTU multando os carros estacionados irregularmente.
Alguns pequenos comerciantes da região e funcionários dos prédios próximos, contudo, relataram esquemas de suborno com caixas de uísque, cestas de natal ou mesmo quantias em dinheiro fornecidas sistematicamente pela Casa dos Frios e - esporadicamente - acrescentadas por parte da renda de flanelinhas da região.
Se isso pode ser provado? acredito que não, mas inúmeras pessoas - incluindo aí funcionários da Casa - já confirmaram a história em troca do anonimato. É a corrupção clara e óbvia, confirmada pela completa ausência da fiscalização em uma região caótica mas tomada por empresários que compram o poder na região.
Percebendo a inoperância da Companhia de Trânsito, moradores passaram a entrar em contato com os responsáveis pela Casa dos Frios, solicitando que alguma providência fosse tomada para impedir que os seus clientes, assim como os frequentadores do Ferreiro Prime (empreendimento também pertencente ao Grupo Dias) não usassem a área como estacionamento.
A resposta é simplória, bem aquém de um grupo que deveria zelar pelo bem do bairro que o abriga há décadas e onde moram centenas de seus clientes: segundo a Casa dos Frios, foi alugado um estacionamento num quarteirão próximo e oferecido um serviço pago de manobrista, mas nada se pode fazer se os seus clientes insistem em estacionar em cima da praça.
Nada, absolutamente nada.
Nem mesmo uma placa pedindo que os “Senhores Clientes” não estacionem em cima de uma espaço público, área verde e passagem de pedestres, ou mesmo a relocação de um dos seus seguranças - que intimidam moradores que fotografam a praça destruída - para conversar com os motoristas e encaminhá-los ao famoso estacionamento ou ainda às dezenas de vagas próximas, distantes da porta da Casa por no máximo dois minutos de caminhada.
De fato, a poderosa Casa dos Frios, pode fazer isso e muito mais, inclusive consertar a praça e transformá-la em pública novamente.
Mas não o faz porque quer lucrar mais, quer ter um ponto de desembarque rápido de clientes em frente a sua porta, em detrimento de uma área verde e pública pela qual, teoricamente, na semana do meio ambiente de 2011, ainda se tornou empresa responsável.
Talvez o interesse seja óbvio agora.
E, dia após dia, a praça é destruída, pessoas perdem um espaço de descanso e os pedestres e cadeirantes vão enfrentar os carros de peito aberto.
Por isso tudo, escrevo na esperança de que vocês possam ajudar os cadeirantes e pedestres dessa cidade.
Pedimos e muito a sua atenção nessa luta.
Como está, essa situação humilha idosos, jovens e crianças a medida que os força a ir andar na rua enquanto assistem um bem que faz parte de suas vidas ser destruído diariamente. É um sonho de muitos moradores tornar a praça pública novamente, fazer valer os direitos de quem quer apenas o certo.
Poder ensinar aos seus filhos que vale o esforço por uma cidade melhor.
Envio em anexo fotos que tirei, enquanto era ameaçado verbalmente pelos finos clientes da Casa. muito obrigado pela atenção, aguardo o retorno, Bruno Maia