Leia a entrevista da jornalista Bruna Serra com prefeito do Recife, João da Costa, publicada no Jornal do Commercio dessa terça-feira (11).

BRIGA PT-PSB “Sabe quando você está numa festa, ali no salão, aí um cara se desentende com outro, tapa para cá, tapa para lá, e você fica na dúvida - “eu entro no meio da briga ou fico olhando?”.

Prefiro ficar olhando agora, porque essa briga só faz sentido se você estiver discutindo aquilo que interessa para o povo.” UNIDADE “Nos últimos dez anos, quando você juntou (o ex-presidente) Lula, (o governador) Eduardo, (o senador) Humberto Costa, (o deputado federal e ex-prefeito) João Paulo, eu, todas essas lideranças num projeto, conseguimos mudar o Brasil, mudar Pernambuco.

A decisão de construir uma refinaria em Pernambuco foi do Lula, a decisão de construir um polo petroquímico, foi do Lula.

A Hemobrás foi no governo Lula.

Retomar a transposição do Rio São Francisco foi no governo Lula.

A decisão de tirar a (ferrovia) Transnordestina do papel foi do governo Lula.

Fazer a Via Mangue no Recife só é possível com esses recursos federais.

E isso tudo foi possível porque aqui também tinha um aliado do governo Lula em 2006.

O governador Eduardo Campos viu essas possibilidades e nós construímos juntos.

Então, a população sabe que estando todo mundo junto e trabalhando, as coisas melhoraram.

Veio o Bolsa Família, aumentou o salário mínimo, se gerou mais empregos.

Então, será que as pessoas que são beneficiadas porque nós estamos juntos, estão felizes com essa confusão?” BATE-BOCA “As pessoas nos partidos devem ter muita responsabilidade.

Não pode, de uma hora para outra, cada um dizer o que quer.

Nossa responsabilidade com o que está acontecendo em Pernambuco, no Brasil e no Recife é muito grande.

Como prefeito, tenho que chamar meus companheiros à responsabilidade.

O PT tem que montar um comitê, com sua executiva, com as suas principais lideranças, e ter um porta-voz (nas discussões com aliados sobre as eleições municipais).

E isso deve acontecer também no PSB.

Agora, se cada um disser o que quiser, fica essa confusão que, se está servindo a alguém, ao povo é que não é…

A gente tem que ter muita responsabilidade nesse momento.

Não estou censurando ninguém que falou (sobre Jorge Perez).

Agora, a gente precisa construir posições que sejam posições partidárias.

Então, no PSB fala um, fala outro, como vou saber qual é a posição do PSB?

Precisarei procurar o presidente do partido ou o governador, que é a maior liderança.

Isso não quer dizer que a posição de cada um não tenha que ser levada em conta, porque são lideranças e têm legitimidade.

Mas o mundo da política não pode girar em torno de opinião individual, você tem que ter o processo político para encontrar o caminho do diálogo maior.

E isso é um processo da política que não está colocado agora.” BEZERRA “Se a (eventual) candidatura (a prefeito do Recife) for uma estratégia do PSB e de Fernando Bezerra Coelho, de se colocar como alternativa no Recife, tudo bem!

Pelas relações entre Fernando e o governador, evidentemente que Eduardo deve ter sido consultado sobre essa mudança de domicílio.

Dentro da Frente cada partido faz movimentos.

Agora, se a mudança é uma resposta a um problema de Petrolina, a decisão fica muito menor.

Você não pode resolver o problema de Petrolina lançando candidatos em outros lugares.

Não é a forma de resolver.

Se a intenção foi chamar o feito à ordem, e todo mundo sentar para resolver, pode ser que ele tenha cumprido esse objetivo.

A questão de Petrolina foi diferente.

O PT não foi articular com (o deputado estadual) Odacy Amorim para ele ser candidato em Petrolina.

Odacy estava numa situação que já vem da eleição passada (2008), uma situação desconfortável e isso talvez não tenha sido administrado no PSB.” COM EDUARDO “Temos que reconhecer o que está acontecendo em Pernambuco.

Falei aqui que o ponto de partida para a retomada do crescimento econômico de Pernambuco foi uma decisão do governo Lula, que contou com uma parceria.

O governador soube enxergar essa janela de oportunidades a partir de uma estrutura que a gente tinha aqui em Pernambuco, no caso, o porto de Suape.

O governador tem desenvolvido uma série de iniciativas e a gente tem que reconhecer.

Não sou só eu, a população reconhece isso.

O que eu acho é que devemos associar o Recife a esse crescimento de Pernambuco.

O Recife tem que aproveitar essa janela de oportunidades para crescer, a vocação do Recife é de serviços, ainda mais com essas indústrias todas chegando (ao Estado).” CAI AQUI, CAI LÁ “O governador é hoje uma pessoa com muita maturidade, participa de um processo político nacional.

Sabe que essa aliança (PSB-PT) é fundamental para as coisas que estão acontecendo no Brasil.

Pernambuco tem hoje um papel importantíssimo na discussão da aliança nacional, até pela força do PSB e por Eduardo ser o presidente nacional do partido.

Uma desarrumação geral aqui não vai ter reflexo só em Pernambuco. É preciso saber disso.

Quem tem pretensões nacionais, não vai querer que, no seu Estado, tudo fique desarrumado.

Esse é um momento em que cada um jogou suas peças, se movimentou e, às vezes, se falou demais.

Agora vai ter o momento da poeira baixar.

Acredito que aí sim é a hora de rearrumar isso, eu vou atuar para isso.

Eu vou me movimentar para que a gente retome toda essa capacidade de diálogo interno na Frente Popular, no PT.

Eu vou fazer a minha parte.” NINGUÉM SAI “Vai ter muita briga ainda dentro da base, mas ninguém vai sair.

Vai sair para defender o que?

Para fazer oposição de que forma?

Vai propor que alteração estrutural aqui em Pernambuco?

Só se for para falar mal do prefeito ou do governador.

Por isso que atacam a pessoa João da Costa e não o governo.

Não tem na oposição uma alternativa ao projeto nosso para o Brasil.

Então, se o cara vai para fora, fica sem ter o que dizer, mingua eleitoralmente.

Aí, tem que fazer o que?

Ir tocando a barca eleitoral.

Vai ter muita briga aqui, mas pode escrever o que eu estou dizendo: ninguém vai pular desse barco porque não tem barco fora que dê condição para ninguém pular.

O que acontece é que os barcos estão afundando e está todo mundo pulando dentro dos que já existem, a briga vai ser aqui mesmo (Frente Popular), ninguém vai pular fora.”