O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), rompeu o silêncio que vinha mantendo desde a semana passada, quando mudou seu domicílio eleitoral de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, para o Recife.
Em entrevista à Rádio Folha, FBC criticou a indefinição do Partido dos Trabalhadores (PT) e defendeu que a administração da capital, a cargo do prefeito João da Costa (PT), precisa acompanhar o ritmo de desenvolvimento do Estado - governado pelo PSB - e do Brasil, liderado pela petista Dilma Rousseff.
Falando como pré-candidato à Prefeitura do Recife - apesar de não admitir claramente - buscou esclarecer que sua migração do Sertão para o Litoral não tem nada a ver com a mudança do deputado estadual Odacy Amorim do PSB para o PT.
Em diversos momentos da entrevista, Fernando Bezerra Coelho criticou a indefinição que paira sobre o rumo que o PT seguirá no pleito do próximo ano. “O primeiro compromisso do PSB em relação ao processo da eleição municipal é construir a unidade da Frente Popular.
Por outro lado, temos que constatar que o próprio PT, que tem a iniciativa da articulação do processo municipal em Recife, está vivendo um longo período de indefinições e de indecisão.
O próprio partido ainda não definiu se apoia João da Costa, se vai apoiar João Paulo ou se vai apoiar outro nome”, afirmou.
Para FBC, sua vinda para o Recife é para que o PSB não fique “refém” da incerteza petista. “O que estamos percebendo é que no Recife existe uma grande indefinição, e nós não queremos ficar reféns dessa indefinição.
Daí porque um grupo de companheiros do PSB entendeu que essa nossa iniciativa poderá contribuir para oferecer uma alternativa ao processo político e ao processo eleitoral”, disse à rádio. “Não se pode ficar a reboque ou refém de uma discussão que parece não ter fim.
Eu posso citar o exemplo recente de todo o esforço que foi feito para poder assegurar a permanência do deputado João Paulo no PT.
Logo na sequência, a Executiva Nacional do PT passa uma resolução em que não considera os atuais prefeitos como candidatos naturais.
Portanto, prolongou a indefinição da candidatura do PT na próxima eleição.
Então, se essa indefinição se prolonga, é importante que os demais partidos que têm responsabilidade, que precisam construir uma proposta, que precisam discutir as coisas que interessam para a população do Recife, a gente então possa ter a liberdade de iniciar esse debate e levar ao conjunto de reflexão das forças políticas que têm responsabilidade de comandar hoje o Recife e o Governo de Pernambuco”.
Na cola do discurso de que é preciso identificar e discutir os problemas do Recife, o ministro da Integração Nacional defendeu que o Recife precisa acompanhar o ritmo de desenvolvimento vivido pelo Estado e pelo País. “Recife vive hoje um momento excepcional, e eu acho que o Recife merece mais.
O Recife pode realizar mais.
Perceba que o Estado vive um momento de excepcional crescimento e desenvolvimento econômico ao Sul, com o pólo de Suape, e ao Norte, agora com a chegada da Fiat.
Vamos ter um pólo automotivo de grande expressão no Nordeste brasileiro. É preciso definir qual é o norte, qual é a vocação da Cidade do Recife, para que ela possa estar preparada, bonita, arrumada para receber a Copa do Mundo, para ser orgulho de todos os pernambucanos do ponto de vista da qualidade de vida que ela possa oferecer à população”, afirmou num tom de crítica. “Tem uma percepção que fica evidente de que o Recife poderia estar num outro ritmo, numa outra velocidade, procurando desfrutar desse momento tão positivo que é a sinergia e a parceria do Governo Federal com o Governo do Estado, no sentido de criar uma cidade melhor, com mais mobilidade, mais verde, uma cidade que possa estar oferecendo mais trabalho, mais oportunidades de renda para a população”, pontuou.
Quanto a sua mudança para o Recife, FBC adotou o mesmo discurso do governador Edaurdo Campos (PSB), que classificou a jogada como um movimento natural. “Minha decisão de fazer a transferência de domicílio eleitoral para o Recife foi atendendo a uma série de ponderações de diversos companheiros do partido.
Deputados estaduais, vereadores do Recife, deputados federais, companheiros de equipe do Governo Eduardo Campos (PSB), sugeriram para ampliar o debate em relação às alternativas que a Frente Popular possa vir a ter para o encaminhamento do processo eleitoral em Recife, que a gente possa ficar posicionado. (…) Essa decisão minha não tem nada a ver com o episódio de Petrolina.
Aquele episódio apenas deixou de forma muito clara, muito evidente, que todos os partidos estão se movimentando no sentido de se fortalecer, de ampliar o seu cacife para a eleição municipal do próximo ano”.