A entrevista do senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Estado, publicada ontem, foi vista na oposição como a abertura de um debate público sobre a eleição presidencial de 2014.
Aécio disse estar preparado para enfrentar tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas terá ainda de se cacifar dentro de seu partido e conquistar alianças para chegar ao posto de candidato da oposição daqui a três anos.
Dentro do PSDB, o maior obstáculo é a insistência do ex-governador paulista José Serra.
No DEM, principal aliado dos tucanos na oposição, há o sonho de uma candidatura própria.
Para o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), a manifestação do senador mineiro visa a reafirmar a posição dele no tabuleiro de 2014. “O Aécio quer deixar claro que está no jogo e não está brincando”, analisa.
Guerra não vê, porém, uma antecipação do período eleitoral. “Ele está cumprindo o papel que lhe cabe como líder nacional.
Não há antecipação da eleição, mas um posicionamento claro dele.
Ele sabe que a definição de 2014 ainda não começou.” O pronunciamento de Aécio, porém, levou lideranças tucanas a reafirmarem a defesa das prévias para a escolha de um candidato a presidente daqui a três anos. “A busca de uma legitimidade da candidatura através das primárias torna muito mais forte o nome.
Seria bom até para o Aécio”, diz o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR).
O líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), lembrou que o senador mineiro já tinha manifestado a intenção de disputar a eleição de 2014 em encontro com a bancada do partido.
Para Nogueira, a afirmação de Aécio de se colocar à disposição para enfrentar também o ex-presidente Lula anima a oposição. “Ele confidenciou que gostaria de ter o Lula como oponente.
Essa foi uma provocação positiva porque nos dá uma expectativa de poder.
A oposição se constitui com mais robustez no momento em que demonstra viabilidade eleitoral.” Aliado.
Na visão do presidente do DEM, senador José Agripino (RN), Aécio fez um discurso para o PSDB, deixando a discussão de alianças em segundo plano. “Ele se coloca como uma linha antagônica ao PT.
Expõe-se como candidato do PSDB.
Com relação aos aliados, faz menções superficiais.
Foi mais uma movimentação interna do PSDB do que uma sinalização para a oposição como um todo.” Agripino ressalta ainda não ser o momento de discutir alianças e observa que seu partido poderá ter nome próprio em 2014.
O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), julgou a entrevista positiva por Aécio propor um enfrentamento com o governo federal. “O Aécio desceu do muro e vai para a guerra.
Ele está certo, não adianta querer fazer política contemporizando com quem ele vai disputar.” O presidente tucano reconhece que a aparição pública de Aécio aconteceu depois de uma cobrança feita por correligionários.
A expectativa dos tucanos é deque o senador mineiro se torne mais ativo no Congresso. “Ele precisa se desinibir, ir para o embate oferecendo contrastes ao governo, com a contundência da oposição.
Agir com responsabilidade, mas com firmeza.
Não deixar o governo respirar”, diz Duarte Nogueira.
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