PERGUNTA - Como o senhor vai fazer com esse ruído na Frente Popular, envolvendo PT e PSB, com esse troca-troca de acusações?

Quer dizer que a Frente está fragilizando?

EDUARDO CAMPOS - Não minha gente.

Não altera nada do que eu vinha trabalhando.

Nós estamso trabalhando com a Frente.

A nossa tradição de fazer frente não é de ontem. É uma tradição de mais de 50 anos que o campo popular democrático de esquerda constroi frentes em Pernambuco.

Construimos frentes respeitando identidades, diferenças, mas sempre afirmando o que nos interessa, que são os interesses da população que nós representamos, são os interesses do Estado. É natural que em uma eleição municipal, que bem vocês viram, tem várias forças políticas aqui do município, que compõem a Frente Popular. É natural que numa eleição municipal haja mais dispersão que numa eleição estadual ou federal.

Isso tem que ser trabalhado no tempo certo com quem tem que trabalhar isso.

Inicialmente são os políticos que fazem a atividade municipal que estão trabalhando essas questões.

Não há nenhuma novidade.

Não é a primeira vez que vamos viver esse tipo de processo eleitoral.

Tivemos isso lá em 2008 sem maiores problemas.

PERGUNTA - Como o senhor avalia que a Frente fica?

Muda alguma coisa?

EDUARDO - Acho que a Frente, como um todo, só fez crescer.

Quem se enfraqueceu nesse processo foi a oposição.

A oposição tem mais problemas não só em encontrar aliados e fazer alianças, mas de ter também um pensamento para colocar em disputa.

Nossa pauta continuará a ser a pauta da sociedade.

Vou fazer o que fiz desde o início do governo: cuidar daquilo que o povo me botou para cuidar, que é do governo.

Não vou cuidar de disputas municipais, de arranjos políticos nos municípios.

Não é esse o meu papel.

Tem quem cumpra esse papel.

Meu papel é trabalhar e manter a relação com o conjunto da frente política.

PERGUNTA - Desse jeito está perto da unanimidade?

EDUARDO - Não.

Não é isso não.

Na verdade, o que temos feito é trabalhar, é olhar para o futuro, é planejar, é correr atrás dos resultados, é não pautar as diferenças, mas pautar o que nos une.

Essa foi a política que sempre fiz e vou continuar fazendo.

Respeitando a opinião dos outros, as diferenças. É isso que tem que ser feito, com muita tranquilidade.

Faz um ano exatamente que a população falou, apiando de maneira muito expressiva.

Não foram partidos nem pessoas.

Foi a população que falou.

E falou de maneira muito clara.

Apoiou esse tipo de comportamento e de atitude.

Vamos seguir nos pautando pelo planejamento que temos.

Um programa de governo que acertamos com a sociedade, aperfeiçoando o modelo de gestão e correndo atrás, mudando a vida das pessoas.

PERGUNTA- A relação com o PT mudou?

EDUARDO - Está a mesma que antes.

Estamos no mesmo projeto político nacional.

Temos responsabilidades com o País, com o Estado e com muitos municípios, como o próprio município do Recife.

E temos outros onde estamos juntos e temos uma identidade que não é de hoje. É um processo político que vem de muitos anos onde todos sabem que temos nossas diferenças.

Não somos o mesmo partido, não pensamos exatamente a mesma coisa sobre todos os pontos, mas respeitamos, sobretudo, a nossa identidade.

Temos um grande e profundo respeito pelo PT, pelos amigos do PT.

Todos sabem disso.

PERGUNTA - No Recife haverá uma só candidatura?

EDUARDO - Essas questões serão discutidas no seu tempo certo.

Se a gente pudesse ter uma só candidatura em todos os municípios da Frente Popular, seria ótimo.

Não conseguimos fazer isso em 2008 e, nem por isso, em 2010, deixamos de estar juntos.

Convivemos com essa diferença com debates ainda dentro dos partidos.

O debate não chegou sequer à Frente, muito menos a mim, ainda.

O debate ainda está sendo travado dentro dos partidos.

Você pode fazer essa pergunta a qualquer um dos partidos que esse debate está sendo travado dentro de todos os partidos.

Portanto, não é a hora ainda de eu entrar nesse debate.

Eu, quando fui candidato à reeleição, comecei o debate em junho.

Agora que não sou candidato, é óbvio que vou ter muito mais tempo e parar a agenda administrativa no tempo certo.

Vou discutir com todos os partidos da Frente o papel que teremos aqui e em outros Estados onde o PSB vai apoiar ou disputar a eleição.

PERGUNTA - E em relação às transferências?

EDUARDO - São atitudes normais da política.

Não vejo problema nenhum.

PERGUNTA - A mudança de domicílio eleitoral de FBC foi negociada com o PSB e com o senhor ?

EDUARDO - Fui consultado pelo presidente do partido e por Fernando Bezerra.

Não vejo problema nisso.