Por José Luiz Portella, da Folha de São Paulo Com apreensão, o entorno de Dilma aguarda seu regresso e a retomada dos temas nacionais.
Na volta, a presidenta deverá saber com detalhes o resultado dos levantamentos prévios sobre o crescimento do PIB no terceiro trimestre.
O PIB é oficial. É um dado trimestral.
Mas o Banco Central tem indicador com base mensal que permite prever o PIB com eficiência.
Com os levantamentos de junho, julho e agosto –portanto, só faltando o de setembro–, os dados aproximados apontam para um crescimento negativo.
Se o mês de setembro for bem –e não é o que mostram os dados mais recentes de crescimento industrial–, na melhor hipótese, o PIB deve ficar perto de zero.
Tudo isso posto, o PIB de 2011 deve chegar a 3,2%, no máximo 3,3%.
Ninguém quer dar a notícia.
Poucas coisas incomodam mais a presidenta do que crescimento baixo, em declínio.
Comparado com os 7,3% de 2010, é duro.
Dilma fica muito brava.
O mensageiro vai precisar de habilidade para levar a notícia e contar o quadro completo.
Dilma e o ministério da Fazenda ainda falavam em crescimento de 4% para 2011.
Mas sabiam que o número estaria mais próximo de 3,5%, expectativa do Banco Central.
Pois a notícia que ela vai receber é que, com o resultado do terceiro trimestre, o crescimento vai ficar abaixo disso. É golpe cruel.
Depois da acolhida de gala na Bulgária e após exortar a Europa a não mergulhar em recessão, Dilma vai enfrentar a realidade brasileira.
Sobrará uma “escolha de Sofia”: se quiser derrubar a inflação para 5,5%, 5,0% em 2012, não terá crescimento maior que 3,2% também no ano que vem; se preferir crescer até 4%, a inflação vai se consolidar entre 6,5% e 7%.
Como Dilma reagirá?
Amargo regresso.