Do Jornal do Commercio Um velho humorista conta uma velha piada, pequena e atualizada: “Crescer ou morrer?
Vamos crescer”.
A piada traduz a fase atual de um tradicional partido que, de uma parte quer adotar o ditado “time que não joga não ganha torcida”, e de outra “adepta da retranca” prefere assistir o jogo da arquibancada, reforçando a torcida dos outros.
Assim está o Partido Democrático Trabalhista (PDT), em Pernambuco, entre o cartorial - restrito, mas leal aos aliados - e o novo, traduzido pela geração mais recente da legenda que adotou o lema “tem que disputar”, e quer praticá-lo.
Velhos amigos, o presidente estadual do PDT e prefeito de Caruaru, José Queiroz, e o deputado federal Paulo Rubem (ex-PT), entraram em rota de colisão.
Herdeira do trabalhismo de Getúlio Vargas, a sigla criada por Leonel Brizola - histórico trabalhista - faz parte da base aliada da Frente Popular de Pernambuco, que apoia o governo Eduardo Campos (PSB) e participa da gestão do prefeito do Recife, João da Costa (PT).
Na semana passada, Rubem transferiu o domicílio eleitoral de Jaboatão dos Guararapes para a Capital, colocando-se como pré-candidato para 2012.
Contrariou Queiroz, que o considera precipitado e teme a fragmentação da Frente aliada.
O presidente diz que a pretensão deveria ser discutida “no tempo certo”, no PDT, quando então o deputado, caso apresentasse “musculatura eleitoral”, receberia apoio total.
Paulo Rubem contesta a lógica da cúpula, ao indagar qual a hora certa e lembrar a situação - e suas circunstâncias políticas - vivida por Eduardo Campos há cinco anos. “Qual é o tempo certo?
Em maio de 2012?
Se Eduardo ouvisse esse conselho de Queiroz, teria desistido, Humberto (Costa, do PT) teria perdido (a eleição) e Mendonça Filho (DEM) seria hoje o governador”, reage Rubem, citando 2006.
Eduardo já era um aliado fiel de Lula, mas deixou o Ministério da Ciência e Tecnologia e ganhou a eleição.
Queiroz nega que esteja irritado com Rubem, mas critica sua articulação com a Executiva Nacional. “Podia ter tratado a mudança aqui, internamente.
Somos maduros para entender sua aspiração, mas somos da base (da Frente), e podemos fragmentá-la.
O PDT somos todos nós.
Tem 60 comissões provisórias, inserção em organizações sociais e autonomia nos municípios”, rejeita José Queiroz o rótulo de gestão cartorial.
Rubem nega que tenha atropelado o diálogo local e afirma que quer que o partido se mexa para poder crescer. “Não procurei a nacional.
Foi uma proposta do André Figueiredo (presidente provisório) e do Brizola Neto (2º presidente).
Em 24 anos, o PDT só teve dois candidatos a prefeito no Recife (João Coelho e Vicente André Gomes).
Na gestão atual, preside a Emprel.
Só.
Qual a articulação social que temos?
Não podemos ficar parados, anestesiados.
Respeito Queiroz, mas ele está na contramão”.