Do Jornal do Commercio Antecessor de Pedro Eugênio no comando do PT estadual, o sindicalista Jorge Perez é um dos que defendem o crescimento do partido pelo interior.
Na sua visão, chegou a hora da legenda ganhar espaço fora dos grandes centros urbanos.
Esse pensamento não o impede de ser crítico com o próprio PT, ao condenar o troca-troca partidário.
Ele admite o acirramento existente na Frente Popular.
INTERIOR “O PT começou a se enraizar no interior nos últimos dez anos.
Em 2008, quase que dobramos o número de vereadores no Estado.
E, não crescemos em número de prefeitos, mas o partido foi o segundo mais votado nas eleições.
Aí podem dizer: “Ah, mas o PT tem a Prefeitura do Recife, isso explica a votação”.
Mas a votação do partido no Recife diminuiu em relação à eleição anterior e aumentou no interior e região metropolitana.
Aumentou em Paulista, Jaboatão, e em muitos outros municípios.
Embora não tenhamos conseguido eleger mais prefeitos, disputamos de verdade em muitos deles.
E por que não conseguimos vencer?
Alguns fatores explicam essa situação.
Perdemos em 2006 a disputa pelo governo do Estado, com Humberto Costa, que tinha todas as condições de se eleger, mas perdeu, vítima de uma campanha muito ardilosa.
E o PSB, que tinha perdido muito com a derrota de Arraes para Jarbas, em 1998, ganhou muito com a vitória de Eduardo.” CRESCIMENTO “Esse é o momento para o PT crescer no interior.
O PT sempre se sustentou muito nos movimentos sociais.
E, a partir dos anos 2000, os dirigentes dos sindicatos rurais passaram a se afastar do PSB, com quem sempre foram muito ligados, e se aproximaram do PT.
Além disso, conseguimos manter a Prefeitura do Recife e agora elegemos um senador.
Nesse momento realmente dá para crescer o número de prefeituras no Estado.” PT X PSB “A disputa entre PSB e PT se acirrou muito em 2006.
E, apesar de serem partidos aliados, a tendência agora é esse acirramento dar um salto ainda maior nos próximos anos.” PARTIDOS “O que tem me preocupado agora é esse troca-troca de partidos por parte dos candidatos.
Você vê o que tem acontecido por aí…
O PSD, por exemplo, é um escoamento da direita do DEM e agora tem cara de governista.
Os partidos estão perdendo a identidade e o próprio PT tem que tomar cuidado com isso.
Partidos importantes como o PSB se aliam com qualquer partido, como o PSDB.
Isso traz prejuízo para a sociedade, prejuízo programático.
O PT não é invulnerável e também está sofrendo com isso.” DOMICÍLIO “Não tem nenhuma explicação o que está acontecendo (troca-troca de domicílio eleitoral).
Pessoas sem nenhuma história com a cidade, como Aluísio Lessa (PSB), em Goiana, transfere o domicílio para lá para disputar a eleição. É preciso fazer alguma coisa.
O PT também está sendo atingido por esse processo.
O que está havendo é uma mudança por pura conveniência política.
Não se tem mais identidade partidária, se misturou quase tudo.” UNIÃO “Estamos num processo em que o PT conseguiu vitórias políticas importantes sem precisar de prévias.
Foi assim na escolha de João da Costa para a prefeitura, que se deu sem prévias, apesar da disputa interna.
A mesma coisa no Senado, ano passado, quando também não aconteceram prévias.
Não é que não haja problemas, mas está mais unido.
Aquela disputa fratricida entre João Paulo e Humberto Costa, por exemplo, não existe mais.
O PT está mais unido que anos atrás.”