Apesar da pressão da bancada do PP na Câmara pela substituição do ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP-BA), a decisão da presidente Dilma Rousseff é mantê-lo até a reforma ministerial que deve ocorrer em janeiro.

A não ser que surja fato novo e forte, a presidente não quer ter o desgaste de nova troca no primeiro escalão só porque os deputados do PP querem.

Mas já há o reconhecimento no núcleo palaciano de que Negromonte perdeu a sustentação do partido e que sua situação é delicada.

A insatisfação da bancada foi comunicada ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, pelo novo líder do partido, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Na conversa, Carvalho foi direto: disse que o Brasil tem um regime presidencialista, e não parlamentarista.

E que os partidos não têm autonomia para tirar os ministros do governo Dilma. - Já falei ao PP que não é assim.

Isso não é um parlamentarismo.

A decisão é da presidente Dilma.

Não dá para ficar tirando e botando (ministro) a toda hora - disse Gilberto Carvalho ao GLOBO, nesta sexta-feira.

A insatisfação da bancada com Negromonte foi explicitada em agosto, quando os deputados se uniram para derrubar o ex-líder, deputado Nelson Meurer (PP-PR), ligado ao ministro.

Em seguida, houve forte reação quando Negromonte afirmou ao GLOBO que deputados do PP tinham “ficha corrida” .

Na ocasião, o ministro alertou o partido das consequências do racha: “Em briga de família, irmão mata irmão e morre todo mundo”.

O PP recuou, temendo ficar sem o Ministério das Cidades caso Negromonte saísse naquela hora.

Por isso, os deputados evitaram responder.

Negromonte prometeu ao Planalto reunificar a bancada e anunciou a realização de um almoço de pacificação que nunca ocorreu.

Desde então, Aguinaldo Ribeiro não se encontrou com Negromonte, e agora deputados do PP voltaram à carga contra o ministro.

Essa situação não é exclusividade de Negromonte.

O Planalto já identificou o desgaste de vários ministros com seus partidos, tanto que está monitorando a situação de ministros como Carlos Lupi (Trabalho), do PDT, e Ana de Hollanda (Cultura) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário), também alvos de fogo amigo do PT.

Em janeiro, Dilma quer fazer a reforma ministerial e usará de pretexto o prazo de desincompatibilização - só em abril.

Pelo menos dois ministros já informaram querer disputar as eleições de 2012: Fernando Haddad (Educação) e Iriny Lopes (Mulheres), ambos do PT.

Como Negromonte, o ministro Carlos Lupi também está enfraquecido.