Do Jornal do Commércio Decisão que pegou de surpresa dirigentes do PT pernambucano, resolução aprovada, ontem, pela Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, em Brasília, derruba a ideia de que os atuais prefeitos têm precedência na escolha do candidato do partido para 2012.
Com a posição da Executiva, ad-referendum do Diretório Nacional, cai por terra a alegação de existência de candidatura nata ou natural, que seria a do gestor no cargo, mesmo que ele queira disputar a reeleição.
A resolução do PT remete, por sua vez, a escolha do candidato para os encontros ou prévias partidárias em 2012.
Transportada para o Recife, a resolução - que normatiza o processo de definição de candidaturas do PT - deixa em aberto a sucessão.
O prefeito João da Costa não é candidato nato e qualquer petista pode disputar a indicação.
Surpreendido pela notícia, o prefeito ressalvou, todavia, não haver novidade na posição. “Sempre foi assim. É a democracia interna.
No PT, ninguém é candidato nato.
Agora, quem está na gestão, sempre é levada em conta a sua precedência”, contestou.
Em um alerta para o risco de um embate interno, João da Costa lembrou que, “nas vezes em que houve disputa pela indicação e o gestor foi derrotado, o PT perdeu também a eleição”.
Surpreso, o presidente estadual, Pedro Eugênio, coincidiu na reação ao afirmar que “não é novidade” a decisão.
E procurou diferenciar candidatura nata de candidatura natural. “A Executiva choveu no molhado.
Disse que os prefeitos não são necessariamente candidatos.
Nato é isso.
Isso não existe no PT.
O que tenho dito é que o prefeito é um candidato natural.
O atual prefeito será um nome em discussão.
Outros podem surgir”, respondeu.
A resolução do PT surge sete dias depois de o ex-prefeito João Paulo, adversário de João da Costa, que lutava para ter a garantia da estadual de que seria o candidato - e ameaçava sair e ingressar no PV -, anunciar seu “dia do fico”, sob o argumento de que atendia pedido da presidente Dilma Rousseff (PT).
O prefeito João da Costa reivindicava, por seu lado, a precedência pela reeleição.
Defensor da reeleição do prefeito, o secretário de Turismo do Recife, André Campos, admitiu que “não sabia” da resolução, mas minimizou seu impacto. “É o que todo mundo pensa: não há candidato nato.
Apenas, os (prefeitos) que estiverem bem, não há o que mudar. É natural.
Não existe candidato declarado, existe precedência”, disse.
Isso, porém, não está escrito na resolução.
Procurado, João Paulo informou - por sua assessoria - que não iria se pronunciar.
Mandou dizer, entretanto, que a Executiva, por unanimidade, o indicou para compor a comissão eleitoral nacional do PT que vai acompanhar o processo de 2012.
Em reserva, um simpatizante do ex-prefeito afirmou que a indicação “não traz nenhum impedimento legal para qualquer membro da comissão ser candidato em 2012”.