Por Bruna Serra, no Jornal do Commércio A travessia, ainda não concluída, do deputado estadual Odacy Amorim do PSB para o PT explicitou o que qualquer observador da política pernambucana já previa: a base aliada do governador Eduardo Campos (PSB) está pesada demais e começam a surgir as primeiras rachaduras.

A gota d’água veio com o convite do PT para que o deputado, sem segurança no PSB, disputasse a Prefeitura de Petrolina pela legenda.

A corte foi feita pela deputada estadual Isabel Cristina, que foi vice-prefeita de Petrolina na segunda gestão do hoje ministro Fernando Bezerra Coelho (2001-2004), sendo substituída, no terceiro mandato (2005-2006), pelo próprio Odacy.

Cansado de ser esnobado pelo PSB, Odacy Amorim troca partido de Eduardo Campos pelo PT O flerte Odacy-PT detonou a ira de líderes do PSB, que já vinham demonstrando incômodo com a movimentação do PT para crescer na região metropolitana, especialmente em municípios onde o partido do governador Eduardo Campos tem candidatos representativos, como Igarassu, por exemplo.

Olinda é outro colégio eleitoral onde o PT estaria quebrando os laços da aliança, com a insistência da deputada Teresa Leitão em se lançar contra o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB), tido em alta conta pelo governador.

Na avaliação do deputado federal Fernando Filho, um dos socialistas cotados à Prefeitura de Petrolina (os outros são o secretário Ranilson Ramos e o deputado Gonzaga Patriota), Odacy está mais preocupado consigo próprio. “Ele está saindo por um projeto pessoal.

Ele quer ser candidato a prefeito de todo jeito, não aguentou esperar para ver o desfecho disso dentro do PSB, onde outras postulações estão colocadas”, disparou.

A leitura interna no PSB é que enquanto os socialistas trabalharam pela manutenção da Frente Popular no Recife, segurando o deputado federal João Paulo no PT, os petistas quebram a aliança em redutos do PSB. “Guardando as devidas proporções, Odacy em Petrolina é uma liderança tão influente quanto João Paulo no Recife.

Quando o PT ignora a aliança, abre espaço para um racha”, alertou um socialista.

Com a guerra declarada, o PSB lançou ontem uma operação para segurar Odacy.

Durante todo o dia, o deputado esteve reunido com lideranças dos dois partidos e chegou a afirmar, durante a sessão na Assembleia Legislativa, que só volta a falar de seu posicionamento hoje.

Até a última sexta-feira, o deputado já era considerado um petista, uma vez que chegou a tornar pública uma carta de desfiliação endereçada ao governador.

No documento, ele deixa claro que a sucessão de 2008 - quando, mesmo à frente da prefeitura, foi submetido a prévias com Gonzaga Patriota - ainda não foi superado. “Uma coisa que os senhores me ensinaram é o ideal de liberdade, liberdade essa que me foi tirada há quatro anos, quando fui - e ainda sou - o primeiro prefeito da história do PSB a ter de me submeter a uma convenção mesmo sendo um dos prefeitos mais bem avaliados de Pernambuco”, lembrou.

Na Assembleia, os deputados não escondiam ontem a perplexidade com a briga entre o PSB de Eduardo e o PT do senador Humberto Costa e, especialmente, com a pressão do PSB pela permanência do deputado.