O desenrolar do processo democrático no Brasil, vinte e seis anos após o aparecimento da forma de República a qual nos submetemos hoje, nos surpreende dia após dia.
A tentativa de censurar a palavra do ex-vice-presidente da República Marco Maciel levantada pela professora da Faculdade de Direito do Recife, Larissa Maria de Moraes Leal, e os protestos consequentes dessa postura, ontem à noite, durante o evento que marcou a reabertura do espaço, são provas de que muitos daqueles que sabem levantar a voz contra a falta de liberdade imposta durante a ditadura militar (1964-1985) tentam agora, em pleno regime democrático, se valer desses princípios – odiosos, segundo eles próprios – para impor à sociedade a música de uma nota só.
Nessa tentativa pequena, atrasada e reacionária de calar um ex-aluno da Faculdade de Direito do Recife, ex-presidente do DCE daquela Casa, ex-presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-governador do Estado, ex-ministro, ex-vice-presidente e ex-senador, a professora e os estudantes que participaram do protesto realizado ontem à noite passam a ratificar aquilo que eles mais dizem contestar: a censura.
Em resumo, se a censura é a favor deles, cumpra-se.
Do meu gabinete na Câmara do Recife, observo com alegria as movimentações de restauro e reforma na Faculdade de Direito do Recife, um orgulho para todos nós recifenses.
Orgulho ainda maior quando sei que, entre as muitas realizações de Marco Maciel, não se apagará da história (como muitos tentaram imputar durante a eleição do ano passado) sua luta para tornar realidade essa ação.
Apenas para os orçamentos de 2010 e 2011, o então senador sugeriu gastos na ordem de R$ 400 mil para as obras na FDR.
Por fim, reconheço a autenticidade e a legitimidade das críticas que partem na direção da figura política de Marco Maciel.
Fazem parte da democracia e precisam ser respeitadas.
O que não se admite é gritar pela liberdade, de manhã, e trabalhar contra ela à noite.
A censura a Maciel nada mais é que uma prova de que muitos dos que se consideram em prol da democracia – quando contrariados – não passam de apequenados apoiadores de posturas fascistas e totalitárias.
Priscila Krause, vereadora do Recife e presidente do DEM no município