Por Paulo Sérgio Scarpa, no JC Online O Recife acaba de perder a oportunidade de testemunhar uma das eleições mais animadas das últimas décadas.

O esperado embate entre João Paulo (PT), o criador, e João da Costa (PT), a criatura, não acontecerá mais em 2012.

O ex-prefeito João Paulo desistiu de sair do PT, conversou, conversou e conversou com diversos partidos, criou a maior mídia ao seu redor e depois de conversar com a presidente Dilma Rousseff (PT), quem diria, desistiu de enfrentar João da Costa nas urnas.

Falou-se muito, escreveu-se mais ainda e muita gente estava até abrindo apostas para ganhar um dinheirinho extra com o suspense.

E não deu em nada.

O ex-prefeito sequer aguardou o retorno de Lula do exterior para receber o ultimato do ex-presidente.

Agora, o cenário é outro, mas as dúvidas continuam.

O que fará João Paulo durante a campanha eleitoral?

Ficará no Recife, calado, sem participação, ou cairá de cabeça na campanha para defender a gestão de seu maior desafeto político?

Afinal, segundo palavra dos dois (leiam o JC na Internet, ouçam as gravações das entrevistas nas rádios JC e CBN atraves do Blog dos Bastidores), ocorreu um rompimento pessoal e um distanciamento político entre os dois.

João da Costa e João Paulo, porém, cada um em seu canto ou em uma coletiva de imprensa, terão de responder a algumas perguntas: Qual foi o motivo do rompimento?

Por que a briga prejudicou a administração petista no Recife a ponto do prefeito João da Costa passar pelo menos dois anos respondendo às provocações de João Paulo?

Haverá uma reconciliação política, já que a pessoal parece fadada a permanecer a mesma?

Outra questões estarão, também, na pauta, para os dois.

A briga prejudicou o recifense?

Atrapalhou a administração já que ela obrigou o prefeito a modificar o secretariado e diz que sofreu o diabo com o pessoal de João Paulo?

Evidente que a decisão de João Paulo de permanecer no PT tem seus méritos, ônus e bônus.

Por exemplo, o ex-prefeito não poderá ser acusado pelo PT de ser o responsável por ter colocado em risco a hegemonia petista na Prefeitura do Recife, dificultando a concrretização de um projeto político de permanecer no poder pelo menos durante 20 anos, mas ele terá de pagar um ônus constrangedor já que o eleitor poderá ver a ausência de João Paulo durante a campanha eleitoral.

Estratégia das mais viáveis já que, viajando pelo País com Lula (ótima justificativa para ficar fora do Recife) não deverá ser questionado sobre os motivos do rompimento nem será cobrado a revelar as razões que o levaram a impor o nome de João da Costa para prefeito.

A decisão de João Paulo ajuda, pofrém, indiretamente, a pequena, fraca e confusa oposição no Recife.

Já que o ex-prefeito está fora da campanha, os candidatos oposicionistas, que não são poucos, poderão disputar um lugar ao sol na campanha com a esperança de ser aquele que poderia derrotar o atual prefeito, que poderá até vencer por W.O.

A decisão de João Paulo, inclusive, dará maior visibilidade à oposição na medida em que, estando no páreo, estariam todos com os olhos voltados para ele e o atual prefeito.

O recifense deixou de ter a oportunidade de ser testemunha de uma das mais animadas campanhas eleitorais no Recife, com grande chance de o eleitor compreender o edital do lixo, a demora da Via Mangue sair do papel, as brigas internas na administração, as demissões, o expurgo do pessoal de João Paulo da PCR, o que pretendia, a médio e longo prazos, João Paulo ao bancar a candidatura João da Costa e, afinal, o que fez o atual prefeito entrar em conflito aberto com o ex-prfeito após a sua eleição.

Há quem arrisque um palpite.

O motivo da discórdia teria sido a recusa de João da Costa de aceitar que o marqueteiro Duda Mendonça, imposto por João Paulo, desenhasse e guiasse a sua campanha à Prefeitura do Recife.

Até pode ser, mas o motivo pode ser apenas um.

Vendo que seria eleito, João da Costa simplesmente tomou uma atitude diante de seu criador: cometeu três pecados inconcebíveis a um aliado – desobedeceu, se insubordinou e disse Não.

Só resta o eleitor saber a quê ele disse Não.