As vendas do comércio varejista da Região Metropolitana do Recife (RMR) cresceram em agosto cerca de 2,6% em relação a julho e 2,3% na comparação com agosto do ano passado segundo levantamento feito pela Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio/PE) .
Trata-se de bons resultados, visto que mesmo em meio ao aumento da incerteza da economia as vendas continuam a crescer e a superar os números obtidos em 2010, quando o varejo alcançou desempenho recorde. “Também o emprego apresentou bons resultados no mês de agosto, aumentando 0,5% quando contrastado com julho e 4,7% em relação a agosto de 2010”, explica Luiz Kerhle, consultor da Fecomércio.
O acumulado do ano registrou crescimento de 5,6% quando comparado ao período janeiro-agosto de 2010.
A massa salarial também aumentou 5,5% em relação a agosto do ano passado e o resultado acumulado no ano é ainda melhor, superando 8,2%.
No entanto foi registrada uma queda de cerca de 2% na comparação com julho do ano corrente, um resultado que só pode ser entendido à luz do que ocorreu na área trabalhista, e de seu rebatimento sobre a folha de pagamento da empresas. “O ramo de supermercados, que tem grande peso no índice, e também o de combustíveis, têm data de dissídio coletivo em maio, mas as negociações trabalhistas levaram ao pagamento do aumento salarial e dos atrasados somente em julho, provocando crescimento da base de comparação do mês, justificando a queda verificada nesses ramos em agosto”, completa o também consultor da Fecomércio, José Fernandes de Menezes.
Em Recife, apesar da maioria dos ramos acompanhados ter realizado seu dissídio coletivo em julho, que era a data prevista, as negociações de vários ramos em outras cidades da Região Metropolitana ainda estão em processo, de modo que ainda não foi implantado o aumento anual, o que vem provocando uma queda da massa salarial real registrado pelo índice Fecomércio.
Outro ponto a destacar no resultado de agosto é o forte crescimento de mais de 22% nas vendas das livrarias e papelarias, que não pode ser explicado pela forte sazonalidade do ramo, já que estas têm suas vendas muito aumentadas nos meses que precedem o início do período escolar, particularmente nos meses de janeiro e fevereiro.
O forte aumento registrado em agosto decorreu fundamentalmente das compras de material escolar por parte das escolas públicas, que tiveram verbas de compras liberadas durante o mês.
O excelente resultado das livrarias e papelarias puxou o desempenho do segmento de Bens de Consumo Semiduráveis, mas este também foi positivamente influenciado pelos ramos de vestuário/tecidos e calçados, em função da comemoração do Dias dos Pais.
A data também contribuiu para a boa performance da maior parte dos ramos dos Bens de Consumo Duráveis, que cresceu 3,75%.
Outros segmentos como Comércio Automotivo e Materiais de Construção, que cresceram mais de 5 e 2%, respectivamente, complementaram o resultado positivo verificado em agosto.
PROGNÓSTICO - A maior instabilidade da economia brasileira em decorrência do aguçamento da crise financeira internacional deverá repercutir negativamente sobre o desempenho do comércio no último trimestre do ano.
A valorização do dólar, que poderá fechar o ano cotado em torno de R$1,85, deverá diminuir a oferta de produtos importados e contribuir para a elevação dos preços internos, provocando queda do salário real.
Por sua vez, a diminuição da demanda externa contribuirá, a despeito da desvalorização do Real, para reduzir o crescimento do produto interno bruto para cerca de 3,5%, e para a diminuição do crescimento do emprego e consequentemente da demanda, devendo se rebater negativamente sobre o desempenho das vendas já no fim do ano.
A taxa Selic deverá continuar em trajetória de queda, chegando a 11% ainda este ano, mas o crescimento do crédito deverá ser afetado negativamente pelo aumento do risco e quebra das expectativas.
Entretanto, o quadro de dificuldades gerado pela crise internacional, a despeito de sua relevância, não deverá impedir que o varejo feche 2011 com resultados muito positivos.
Mesmo com o produto crescendo 3,5% e a inflação atingindo o limite superior de 6,5%, o varejo da RMR deverá aumentar cerca de 5,5% no ano, em decorrência principalmente do desempenho da economia da área bem acima da média nacional, auxiliado pela continuidade do crescimento atenuado do crédito.
VARIAÇÃO - Em agosto, o comércio varejista da Região Metropolitana do Recife (RMR) continuou apresentando resultados positivos.
Ante o mês anterior a taxa de variação real foi de 2,59%.
Dos cinco segmentos monitorados pela Fecomércio-PE, quatro registraram aumento no faturamento, com destaque para Bens de Consumo Semiduráveis (6,30%) e Comércio Automotivo(5,01%).
Nos Bens de Consumo Duráveis e Materiais de Construção as variações foram de 3,75% e 2,15%, respectivamente.
No caso especifico da venda de veículos, os números seguem a mesma tendência dos dados da Anfavea e da Fenabrave, diferindo apenas em magnitude.
No mês de agosto, o varejo conta com a comemoração do Dia dos Pais, criando dessa forma impulso extra para as vendas, notadamente nos estabelecimentos que comercializam artigos de vestuário/tecidos, calçados e cine-foto-som/óticas.
Além da data, o cenário de compras contou com prazos maiores, oferta de crédito e as tradicionais promoções.