Por Mendonça Filho A decisão do Governo de aumentar o IPI para carros importados tem como lógica uma política de reserva de mercado.

A argumentação da proteção a indústria nacional frente à crise internacional e a concorrência dos importados é artificial.

A medida, na realidade, é uma intervenção indevida que deve ser combatida para o bem do consumidor e do País como um todo.

Protecionismo, barreiras ao comércio e controle de preços não resolvem o problema da competitividade da economia e fazem do consumidor a principal vítima dessa lógica distorcida.

Na vida pública, assim como na vida pessoal, a gente aprende com a experiência que é feita de erros e acertos.

Neste assunto, o Brasil já deveria ter aprendido com o atraso ao desenvolvimento do País provocado pela reserva de mercado na informática, num passado não muito distante. É público que o País só conseguiu se tornar competitivo internacionalmente após a abertura realizada no final dos anos 1980, início dos 90.

Isso não é discurso.

Os números e os índices econômicos mostram que a econômica brasileira teve aumento de produtividade por diversos motivos, tendo como principal motor a competitividade, que força investimentos em novas tecnologias, aumento de eficiência e redução de preço.

Quem ganhou com isso?

O consumidor.

O aumento do IPI para carros importados é um duro golpe, principalmente na classe média que vai comprar carro mais caro num primeiro momento.

Mantida a reserva de mercado, num segundo momento, os preços estarão mais caros e a qualidade menor.

Quem perde com isso?

O consumidor!

A competitividade dos importados – não obstante eles representarem uma parcela pequena do mercado - vinham estabelecendo parâmetros de preço e qualidade que forçavam a indústria nacional a praticar margens menores e melhorar a qualidade.

Os preços de carros no Brasil são um dos mais altos do mundo.

Há estudos que mostram que mesmo quando se exclui a carga tributária, os preços dos automóveis no País ainda figuram entre os mais altos do mundo.

Basta ver que o preço daqui é 130% superior ao praticado nos Estados Unidos, 94% no México e 74% na Argentina.

A suposta ameaça a indústria brasileira não se sustenta nos números.

Apenas dá sustentação ao discurso intervencionista.

A comercialização de carros importados que não têm fábrica no Brasil aumentou, mas representa menos de 7% do mercado.

Nunca é demais lembrar que no tempo em que havia reserva de mercado no setor, os modelos de carros no Brasil eram defasados tecnologicamente, porque faltavam, entre outras coisas, investimentos em pesquisas e desenvolvimento e acesso a novas tecnologias no mercado de autopeças.

O Governo não pode querer se aproveitar do agravamento da crise econômica para adotar medidas que venham a prejudicar o consumidor, beneficiar setores isolados e não resolver os problemas graves da nossa economia como a alta da inflação, o desequilíbrio fiscal e a altíssima carga tributária.

O Governo não pode recorrer a artificialismos para tentar equacionar o problema do equilíbrio econômico.

A indústria automobilística está vendendo, exportando e é competitiva.

A competição que vem sofrendo do produto estrangeiro é saudável e beneficia o consumidor.

Como brasileiro sou a favor da indústria nacional, mas com políticas públicas adequadas como a diminuição da carga tributária, a queda dos juros, a redução da burocracia e investimentos em infraestrutura.

Não com reserva de mercado.

O consumidor e a economia brasileira agradeceriam, muito!

PS: Mendonça Filho é deputado federal pelo DEM