Por Andreza Matias, na Folha.com O líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves, disse nesta quarta-feira (21) que a derrota do candidato do seu partido na disputa pela vaga de ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) não pode ser entendida como fragilidade da sua liderança.

O deputado Átila Lins (PMDB) conseguiu apenas 47 votos; ou seja, nem a bancada do PMDB, que tem 80 deputados, votou toda nele. “Valeu as ligações pessoais.

Não foram candidaturas partidárias.” Lins, por sua vez, acusou o partido de tê-lo traído.

Segundo ele, apenas 20 dos votos que recebeu vieram do PMDB. “É uma decepção.

Dos votos que recebi o PMDB só foi responsável por 20, os demais vieram de amigos. É difícil qualquer outra justificativa que não seja uma ação coordenada de traição e isso eu não aceito.” A deputada Ana Arraes (PSB-PE) venceu a disputa com 222 votos.

Ela teve o apoio do filho, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), que está desde ontem em Brasília trabalhando para elegê-la. “Se não fosse pelo filho ela não teria vencido.

O governador consegue tudo o que ele quer, onde ele entra ele ganha”, disse o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que também veio a Brasília para pedir votos para Ana Arraes a pedido do governador.

Cavalcanti renunciou ao mandato de deputado após se envolver em escândalo de corrupção.

Segundo colocado na disputa, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) teve 149 votos, 73 a menos do que Ana Arraes.

A votação foi secreta, mas avalia-se que os votos dele vieram do partido e da bancada ruralista a quem se alinhou após relatar o Código Florestal. “Tentei mudar os votos de uns 30 ruralistas, alguns que me deviam favores, mas não consegui.

Todos votaram com Aldo”, afirmou Cavalcanti.

Após saber do resultado, Rebelo disse que seus votos “correspondem ao esforço, tempo e prestígio que tem na Casa”. “Apoio oficial partidário tive só do meu partido.” Ana Arraes, que é filha do ex-governador Miguel Arraes, afirmou em entrevista após a eleição, que sua candidatura não foi “chapa branca”, que teve apoio de muitos amigos, respeitou os concorrentes e fez uma campanha limpa.

A articulação do governador de Pernambuco foi criticada pela oposição. “Esse é um rolo compressor que faz do Congresso a política mais atrasada possível”, disse o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).