Por Gerson Camarotti (gcamarotti@bsb.oglobo.com.br), em O Globo.com Eleita nesta quarta-feira ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) pelo plenário da Câmara, a deputada federal Ana Arraes (PSB-PE) adotou uma postura crítica em relação à paralisação de obras determinada por órgãos de controle.
Ela prefere evitar que as obras sejam interrompidas e defendeu cuidado por parte do TCU nos julgamentos.
Segundo ela, o tribunal deve fazer uma fiscalização paralela à obra, permitindo que ela não seja paralisada e, simultaneamente, corrigindo suas falhas. - Quando não paralisa, não causa prejuízo financeiro, não causa prejuízo social - argumentou, acrescentando: - A paralisação às vezes sai mais cara.
Ela defendeu zelo por parte do TCU para evitar julgamentos precipitados: - O papel fundamental do TCU é cuidar do dinheiro público, por isso julgamentos do TCU tem que ser com muito zelo.
O julgamento precipitado macula. É importante ser imparcial, é importante buscar a justiça, é importante ter cuidado com a ética e com probidade.
Ana Arraes foi eleita com 222 votos e substituirá Ubiratan Aguiar, que se aposentou.
Em segundo lugar ficou Aldo Rabelo (PCdoB-SP), com 149 votos, e em terceiro Átila Lins (PMDB-AM), 47.
O candidato do movimento “Ministro Cidadão”, o auditor do TCU Rosendo Severo, apesar do apoio de dois partidos, só conseguiu 10 votos.
Damião Feliciano (PDT-PB) obteve 33 votos e Milton Monti (PR-SP), 30.
A votação da Câmara será submetida agora à apreciação do Senado.
Votação foi marcada por corpo a corpo Desde cedo os candidatos fizeram corpo a corpo em plenário.
Houve grande mobilização do PSB, partido de Ana Arraes.
O governador Cid Gomes (PSB-CE) esteve no plenário.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acompanhou a votação do Palácio do Jaburu, onde também participou de encontro com o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a reforma política.
A candidatura de Ana Arraes teve o apoio de Lula e também de setores do PSD (partido de Kassab) e do PSDB.
Antes, com a renúncia de Jovair Arantes (GO) , Ana já havia garantido apoio da bancada do PTB.
O Palácio do Planalto manteve distância da votação para evitar sequelas na base, já que todas candidaturas foram de aliados.
Ana Arraes diz que já esperava vitória para vaga no TCU A deputada federal afirmou que já esperava a vitória na disputa em que foi eleita ministra do TCU, mas que não podia declarar isso antes da eleição.
Ela disse que já tinha um cálculo de 20% de votos na Câmara, o que lhe daria 180 votos no plenário.
Arraes acabou obtendo 222 votos, o que na opinião dela mostra que não houve traição.
A deputada também rebateu as críticas de que houve uso da máquina do governo de Pernambuco. - O trabalho foi feito com muita gente.
Muita gente ajudou - disse a deputada, acrescentando: - Eu fiz campanha respeitando os meus adversários.
Eu espero que meus colegas respeitem a minha vitória.
Não desmereço nenhum dos meus adversários.
Ela foi questionada sobre a importância do filho, ao que respondeu: - A importância do Eduardo Campos na minha vida, e a minha na dele é enorme.
Muito maior do que qualquer notícia de jornal.
Ana Arraes também foi indagada se sua vitória era uma prova da força do filho. - Você acha que é prova de fraqueza? É prova de força política, e de capacidade de juntar, agregar - respondeu.
Ela atribuiu ainda sua eleição ao fato de ser mulher. - Tive uma votação grande porque sou a primeira mulher a ser ministra (do TCU).
Ana Arraes também falou a respeito de Aldo Rebelo, seu principal adversário na eleição para a vaga no TCU, terminando em segundo lugar com 149 votos.
Ela negou que a disputa vá deixar sequelas, mas reconheceu que Aldo não a parabenizou pela vitória.
De acordo com a deputada, telefonaram-lhe Eduardo Campos, o ex-presidente Lula e o presidente do TCU, Benjamim Zimler.
Ana Arraes nega nepotismo por causa de apoio do filho, Eduardo Campos Na terça-feira, Ana Arraes negou que a participação do filho, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em sua campanha ao Tribunal de Contas da União (TCU) caracterizasse nepotismo. - Não existe nepotismo.
Se o nepotismo é feito pelo povo, então, é o nepotismo.
Então, não existe nepotismo porque existe democracia. É o voto do povo.
Eu estou aqui pelo voto do povo, não é por indicação de ninguém - afirmou.
Ana Arraes disse, aliás, contar com a ajuda da família par ser a indicada da Casa à vaga de ministro do TCU. - Meus dois filhos estão na campanha.
O outro não está porque é advogado, mas está na campanha porque nós somos unidos.
Nós temos o sentimento de família e temos também o sentimento político - disse.