Os desafetos e os adversários do governador Eduardo Campos, líder do PSB nacional, sempre tenderão a apresentar a indicação da mãe ao cargo de ministra do TCU como algo menor, na linha do apadrinhamento político. É algo discutível, não resta dúvida.
No plano político, entretanto, o que chama mais atenção na iniciativa é o ousado lance de xadrez do socialista, de olho nas próximas eleições presidenciais.
Eduardo Campos planeja catapultar-se no vácuo do Congresso Nacional.
Caso vença de fato a disputa no TCU, não será a sua mãe Ana Arraes, mas justamente ele que estará se credenciando como um forte interlocutor do Congresso Nacional, possivelmente com poder de influenciar o debate nacional nas próximas eleições presidenciais.
O cálculo político dá conta de que o bote tem hora certa, diante da fragilização nacional de várias lideranças partidárias, como Valdemar Costa Neto e Luciano Castro, sem falar nos petistas alvejados desde o Mensalão.
Entre os socialistas, há o entendimento de que existem vários deputados órfãos.
Muitos estão sofrendo retaliação, sem pai nem mãe, aguardando um novo interlocutor com o governo.
A aposta, assim, é de que ele deixe de ser apenas o representante do PSB e passe a figurar como o interlocutor de uma boa parte dos congressistas.
Em seu favor, de fato, o governador tem assento no Conselho Político nacional, sendo ouvido tanto por Dilma, como pelo ex-presidente Lula.
Não é à toa que o PT olha de soslaio para a movimentação porque Eduardo Campos flerta abertamente com os tucanos.
O presidenciável Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, já declarou voto abertamente em Ana Arraes.
O presidente do PSDB nacional, Sérgio Guerra, é outro tucano que está ajudando na eleição do TCU.
Para estes, a nova liderança em nada se pareceria com o PT mais arraigado, do qual até mesmo Lula já se distanciou.
Neste sentido, é simbólico o que disse o senador Humberto Costa na coluna online Radar, de Veja.
O senador petista diz abertamente que a candidatura de Ana Arraes para o TCU pode acabar virando um problema. “O governador quer mostrar, se for bem sucedido com a eleição no TCU, que seria um bom candidato a vice-presidente em 2014”, avalia o petista.
Na manhã desta quarta-feira saberemos se Eduardo Campos cresceu com o primeiro embate nacional.