Por Fernando Gabeira, em seu blog Começam hoje no Rio as obras que vão demolir um viaduto, o da Avenida Perimetral, e permitir uma melhor recuperação da aérea portuária.

A recuperação do porto do Rio é uma velha ideia que pegou carona na proposta de deixar algum legado após a Copa do Mundo e Olimpíadas.

Mas é apenas uma obra.

Ontem, a Ministra Miriam Belchior afirmou que as obras que melhorar a mobilidade urbana não são essenciais para a Copa do Mundo.

O foco estará na construção de estádios e hotéis.

O chamado legado dos jogos, destinado a melhorar a vida das pessoas, pode não ser concluído.

A saída que a Ministra apontou é decretar feriados nos dias de jogos.

Uma Copa do Mundo tem muitos jogos, durante quase um mês.

O feriado seria decretado apenas na cidade onde o jogo se realiza, presumo.

Ainda assim, falta calcular o quanto custará essa decisão.

Um feriado em São Paulo paralisa atividades no Rio e outras cidades que mantêm relações estreitas entre si.

A Ministra ainda não sabe o quanto custará a Copa.

Mas precisará saber o quanto vão custar os feriados.

Pessoas que trabalham como autônomas terão suas atividades suspensas e perderão dinheiro. É como se pagassem um tributo não aprovado legalmente mas que ainda assim caiu sobre suas cabeças.

A fórmula apresentada pela Ministra Miriam Belchior é uma solução para que as pessoas possam ver os jogos, em dia de trânsito mais calmo.

Mas altera a lógica que estava por trás da decisão de hospedar a Copa.

Iríamos usar os jogos para melhorar a locomoção urbana e deixar um legado permanente para as cidades brasileiras.

Agora o panorama é o seguinte: vamos fazer estádios e hotéis e decretar feriados.

Ao invés de legado, ficaremos apenas com o prejuízo dos feriados.

O goveno sabe que os assalariados não vão protestar contra feriados porque se sentem, imediatamente, beneficiados.

Autônomos e empresários vão perder dinheiro.

A Copa para eles vai parecer com a morte daqueles nobres arruinados que, ao invés de herança ,deixam dívidas para os parentes.