Nos meios políticos do Estado, pouca gente ou nenhuma se dispõe a falar o que pensa, de fato, sobre a disputa pelo cargo no Tribunal de Contas da União (TCU).

Há um receio de desagradar, com eventuais palavras, o governador Eduardo Campos, filho e patrono da candidatura da deputada federal Ana Arraes.

Na imprensa pernambucana, a eleição é dada como certa.

Favas contadas.

Resultado de fontes contaminadas?

A verdade é que não dá para assegurar nada neste sentido, uma vez que o voto é secreto e a traição costuma se fazer presente nestas horas.

Ajuda não falta, pois até Severino Cavalcanti, prefeito de João Alfredo, no interior do Estado, se mandou para Brasília, com o objetivo de dar a sua cota de colaboração.

Ao que parece, também se bandeou para o Planalto até o secretário Tadeu Alencar, da Casa Civil, certamente não com o objetivo de influenciar o pleito, mas para tratar dos altos interesses do povo pernambucano no DF.

Oficialmente, nesta tarde, nosso governador estava em audiência com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, também do PSB, o mesmo político que abriu a semana oferecendo um café da manhã em prol da campanha da mãe do governador.

O problema é que uma eventual derrota de Ana Arraes será uma derrota da figura de Eduardo Campos, mostrando inclusive que ele não contaria com o cacique que ensaiou mostrar.

O inverso também é verdadeiro.

Uma eventual derrota da mãe também prejudica o filho.

Notem também que já há dois pernambucanos lá e um dos fortes argumentos contra a socialista é justamente este, a formação de uma república pernambucana.

Caso vença a eleição, Eduardo Campos pode sair consagrado, mas apenas para o momento.

A vitória pode ser ótima para o momento dele.

Como já se disse antes, as conseqüências vem depois.

Há quem veja algo ruim para o seu projeto nacional ter a mãe no TCU.

Como vai ser para ele ter as contas julgadas pela própria mãe?

A saraivada de críticas que Eduardo Campos começa a sofrer, no noticiário nacional, já explicita este sentido de mudança de visão da imagem do socialista. “Apesar de ter méritos para ir ao TCU, dona Ana não vai ao TCU por seus méritos.

Vai pela indicação do apadrinhamento.

Isto é ruim para Eduardo porque é um caso inédito na República.

Que governador colocou uma mãe ou pai lá?”, questiona uma fonte do blog.

Contra ela, há nos bastidores uma reação à campanha agressiva que o governador vem realizando nos últimos dias.

Para alguns petistas, a forçada de mão poderia acabar ajudando Aldo, do PC do B.

Uma eventual vantagem de Aldo seria justamente essa: ser candidato de si mesmo.

Nos meios políticos locais, o que se diz é que a turma do baixo clero, que já lhe serviu e foi servida nos tempos de mesa da Câmara, saberia que teria que recorrer a ele e apenas a ele na “discussão” dos votos do TCU.

No caso da candidata socialista, haveria o problema de eventuais intermediários nessa relação.

A verdade é que não se sabe os conchavos que estão sendo prometidos em toda essa trama.

Em seu favor, Ana Arraes conta com o apoio de Lula, que é sempre importante eleitoralmente.

Mais republicana no cargo, Dilma defendeu o nome de Aldo e depois recuou, para não milindrar o líder do PSB, de sua base de apoio.

Na ponta do lapis, com mais de 180 votos, Ana Arraes estaria eleita.

No entanto, há os mais afoitos aqui mesmo no Estado que chegam a prever uma derrota da socialista.

Levando em conta a velha traição.

O voto é secreto.

Não dá para listar, por exemplo, quem dá bancada pernambucana efetivamente vai cumprir o compromisso assumido de boca e manter o voto, na hora H.

Muita gente já se desiludiu com o imponderável na caladas da noite que precede às votações congressuais em Brasília.

Neste ponto, quem cresce perante a opinião pública é a deputada federal comunista Luciana Santos, que já disse de público que não vota na conterrânea, por lealdade ao partido e ao colega Aldo Rebelo.

Pode ser só encenação, claro, mas é um avanço democrático.

Até se se considerar que é casada com o líder do governo Eduardo Campos, o deputado estadual Waldemar Borges.

Imaginou a saia justa em casa?

Torço para que os deputados federais saibam escolher o melhor para os destinos da Corte.

A eleição se dará na manhã desta quarta-feira, no plenário da Câmara dos Deputados.

A conferir.

Seis nomes são concorrentes à vaga do ministro Ubiratan Aguiar, do Tribunal de Contas da União (TCU).

Além da deputada Ana Arraes (PSB), estão na disputa o pedetista Damião Feliciano (PB), os deputados Átila Lins (PMDB-AM) e Vilson Covatti (PP-RS), o parlamentar Aldo Rebelo (PCdoB-SP) - considerado o maior adversário da pernambucana, e o auditor Rosendo Severo, indicação do PPS para a vaga.

Como sempre acontece, o Blog de Jamildo promete aquele banho de cobertura, com a colaboração dos repórteres Daniel Guedes e Helder Lopes.