Por Fernando Gabeira, em seu blog Ainda preciso estudar um pouco mais o tema para opinar sobre o aumento de IPI para carros importados. É o tema econômico do momento no Brasil.

Se entro nele ainda com muito cuidado é porque conheci uma experiência diferente da brasileira.

No Chile não se fabricam carros.

E os carros lá custam a metade dos preços dos carros vendidos no Brasil.

A curiosidade começou ao perceber o pequeno número de motocicletas nas ruas de Santiago.

Perguntei ao motorista que me conduzia e ele respondeu: os carros são muito baratos, por que comprar motos?

De fato rodávamos num Corolla que ele comprou por US$15 mil, na loja.

O motorista me informou que quase todas as marcas estão presentes no Chile.

Nosso modelo é diferente.

Desde o meio da década dos 50, passamos a fabricar carros.

Surgiu até uma nova classe operária, estimulada pelo crescimento dessa indústria.

Mais especializada e com num mercado ainda com pouca qualificação, ela passou a desempenhar também um importante papel político.

As primeiras grandes greves ainda nos anos 60 foram em Osasco e Contagem, envolvendo os metalúrgicos.

A industria do carro produziu muita riqueza no Brasil.

Daí a necessidade mantê-la e protegê-la.

A proteção foi contestada por Fernando Collor, ao afirmar que o carro brasileiro parecia uma carroça.

De fato, havia uma distância tecnológica grande entre o carro brasileiro e o importado.

Isso foi bom para impulsionar a modernização da indústria brasileira.

O caminho de estimular a competição é o melhor para o consumidor.

No extremo, está a experiência do Chile, onde os carros são realmente mais baratos.

Mas também vi em Cuba e agora na Venezuela experiências diferentes.

Na primeira, os carros são da década dos 50.

Na segunda, há muitos carros velhos , com alto consumo de gasolina, porque o preço é subisidiado.

O caminho ideal é estimular a competição para que a indústria cresça e os consumidores paguem menos por melhores produtos.

Proteger a indústria nacional , forçando o consumo de seus produtos, costuma desenvolver uma apatia tecnológica, um ritmo de empresa estatal, que pode ser muito perigoso quando a competição plena for reaberta.

A venda de carros que não têm montadores no Brasil significa 7% por do total.

E muitas, quando começam a vender em maior quantidade, acabam se instalando no Brasil.

O Chile é o paraíso do consumidor, o Brasil o das montadoras.

Temos que encontrar o caminho do meio.