Luciano Siqueira A rigor podemos dizer que ainda vivemos no País a transição das políticas de cunho neoliberal para a postura desenvolvimentista.
Persistem embaraços na esfera macroeconômica e resistências disseminadas no próprio aparelho de Estado e na sociedade (potencializados pela grande mídia).
Porém sobressai-se a determinação da presidenta Dilma Rousseff em arrostar obstáculos e seguir adiante em busca de um padrão de gestão econômica e financeira que nos leve a um patamar de crescimento econômico sustentável e duradouro. (A recente decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central, Copom, em reduzir a taxa Selic, contrariando as chamadas expectativas difundidas pelo mercado financeiro é um bom sinal).
Ontem, em Araçatuba, São Paulo, a presidenta reiterou sua convicção de que a crise econômica internacional não deve “atemorizar” o Brasil, pois temos como enfrentá-la segundo nossos próprios interesses. “Nós sabemos que a melhor forma de resistir à crise no Brasil é continuar consumindo, produzindo, investindo em infraestrutura, plantando e colhendo, e assegurando às nossas indústrias o seu componente nacional”, afirmou.
E fez uma correta comparação entre a situação do Brasil e a dos países centrais envoltos em crise estrutural profunda: “Enquanto eles (países europeus) discutem como é que fica a crise da dívida dos seus bancos, nós estamos aqui gastando o nosso dinheiro em parcerias público-privadas, em parcerias entre o governo federal e o governo estadual para criar desenvolvimento, emprego e renda para o nosso país”.
Claro que não faltam arautos da situação anterior – a chamada Era FHC – na qual valia acima de tudo o esforço supostamente irrecusável de assegurar a estabilidade monetária acima de tudo, prontos a protestar. “Estabilidade completa é a morte”, disse certa vez, com inteira razão, o então governador Miguel Arraes, para quem o equilíbrio monetário deveria ser relativo e em função do desenvolvimento.
Porque nenhuma sociedade sobrevive em bases economicamente sustentáveis e socialmente pelo menos razoável centrada exclusivamente no equilíbrio monetário.
Hoje vivemos outro tempo, em que o imenso mercado interno em expansão dá respaldo à ousadia governamental de fomentar a produção e avançar na superação da enorme defasagem herdada das duas décadas e meia perdidas, entre a infraestrutura insuficiente e as demandas da expansão das atividades econômicas.
Diz-se, com razão, que os problemas econômicos se resolvem mediante decisão política.
Não estaríamos num ciclo virtuoso de crescimento, a despeito das pressões externas negativas, se Lula não tivesse decidido mudar o rumo da economia.
E não poderíamos vislumbrar na crise global em aguçamento uma janela de oportunidades para o Brasil, se Dilma não adotasse a postura que adota, proativa e determinada a explorar nossas próprias potencialidades.
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