Em paralelo às denúncias de graves irregularidades na administração pública do pequeno município de Araçoiaba, há uma guerra política, que esquenta à medida em que se aproximam as eleições municipais de 2012.
Dois grupos distintos disputam o poder local.
De um lado está o próprio prefeito em exercício Carlos Jogli (foto), do PSDB.
Ele é candidato a reeleição.
Apesar de ter saído do PSB, conta com apoio até do Palácio do Campo das Princesas.
Na outra ponta, está Gilberto Baracho, que vem a ser irmão do prefeito de Igarassu, Jesimário Baracho, que conta com o apoio do PSB na gestão petista da vizinha cidade.
Gilberto Baracho também é candidato a prefeito da cidade, com apoio do PT, mas encontra alguma dificuldade porque precisa convencer o Partido Progressita, o PP, a fechar um acordo, participando como vice na chapa.
Ele precisa convencer a filha de Cuzcuz a aceitar a vice e a disposição dela, pelo que se conhece da política na cidade, seria mais hegemômica, diante da grande votação do pai.
Ainda nesta terça-feira, o Blog de Jamildo publicará, com exclusividade, uma radiografia sobre a cidade.
Vergonha Araçoiaba é o menor, o mais pobre e o mais novo entre os municípios da Região Metropolitana do Rercife.
Uma operação realizada ontem pela Polícia Federal (PF) expôs indícios de corrupção endêmica na máquina pública Com apoio do MPPE e da Controladoria-Geral da União (CGU), a PF realizou nesta segunda uma operação que apreendeu milhares de documentos e dezenas de computadores na prefeitura, na casa do prefeito afastado, Severino Alexandre Sobrinho (PMDB), e na residência de sete servidores municipais.
Ninguém foi preso.
Todo o material servirá de subsídio para um inquérito policial sobre desvios de recursos do fundo previdenciário municipal.
Segundo a PF, houve um desfalque de R$ 2,18 milhões da previdência dos servidores e as investigações tentarão rastrear o destino do dinheiro. “É o equivalente a 10 anos de contribuição previdenciária para os funcionários.
Não sabemos se esse dinheiro foi sacado ou simplesmente não foi depositado no fundo durante esses 10 anos.
Se ficar comprovado o desvio, fica caracterizado crime contra o sistema financeiro”, explicou o delegado regional de combate ao crime organizado da PF, Nílson Antunes Silva, que deve concluir este inquérito em 30 dias.
Mas a PF acabou se deparando com outras supostas irregularidades, que vinham sendo investigadas pelo MPPE, mas que agora terão as apurações aprofundadas pelos policiais federais.
Essas irregularidades, somadas ao rombo na previdência, chegam aos R$ 7 milhões, conforme antecipou o Blog deJamildo, ainda em agosto .
O valor é quase o equivalente ao que Araçoiaba recebeu em 2010 do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), R$ 8 milhões.
Os indícios de ilegalidade vão desde desvios de R$ 2,3 milhões do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), de dinheiro ainda não contabilizado do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e até uso de recursos públicos na reforma de imóveis particulares (veja arte).
Essas suspeitas serão investigadas em outro inquérito da PF sem data para seu encerramento.
A promotora de Justiça do município, Maria Alessandra Lira, também informou que, além de três ações civis públicas, ela comanda três investigações civis sobre irregularidades na gestão.
Em 13 de julho, Araçoiaba completou 16 anos de emancipação política.
Mas os moradores do ex-distrito de Igarassu têm pouco a comemorar.
Com tão pouco tempo de vida, a cidade atravessa uma instabilidade política e administrativa que poucos municípios pernambucanos passaram.
No mesmo mês do aniversário, o prefeito eleito, Severino Alexandre Sobrinho (PMDB), foi afastado do cargo por ordem judicial acusado de improbidade administrativa: ele teve suas contas rejeitada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
O peemedebista conseguiu, dias depois, voltar ao cargo.
Mas foi mais uma vez apeado do Poder por ordem judicial em 24 de agosto, assumindo o cargo o vice-prefeito Carlos Jogli (PSDB).
Desde então, as denúncias de desmandos no município emergiram.
Surgiram informações de que foram descontados na folha de pagamento dos servidores empréstimos com bancos, mas os valores não teriam sido repassados às instituições credoras; de desvio de dinheiro da merenda escolar e até da compra de metais para banheiros, no valor de R$ 70 mil, que não chegaram a ser usados nos prédios públicos.
Na entrevista coletiva, ontem, para explicar a operação da PF, a promotora de Justiça Maria Alessandra Lira e o delegado da PF Nílson Antunes afirmaram que o atual prefeito, Carlos Jogli, vem colaborando com as investigações, o que facilitou os trabalhos de apuração.
Também conforme antecipou o Blog de Jamildo, na tarde desta segunda.