Foto: Clemilson Campos/JC Imagem VÍTIMA Edilene Maria da Silva ficou sem receber quando tirou licença médica Por Daniel Guedes ARAÇOIABA - A conta bancária do Fundo de Previdência deste município da Região Metropolitana do Recife tem apenas R$ 11,81.
O saldo, no entanto, deveria ser de R$ 2,18 milhões.
O desvio está sendo investigado pela Polícia Federal em Pernambuco.
Mais de R$ 7 milhões sumiram dos cofres municipais. “Já havia comentários na cidade.
Pude constatar os rumores.
Nos depararamos com R$ 11,81 centavos de saldo do Fundo de Previdência.
Tenho medo que, no futuro, alguns funcionários sejam prejudicados”, disse o prefeito em exercício, Carlos Jogli (PSDB), que era vice do prefeito afastado em julho deste ano, Severino Alexandre Sobrinho (PMDB). “Foi criado esse fundo e a verba era descontada e deveria ir para o fundo para pensão e aposentadoria dos servidores.
Mas a conta específica do fundo estava praticamente zerada”, constatou o delegado regional de investigação e combate ao crime organizado da Polícia Federal, Nilson Antunes Silva.
Ele não apontou para que conta o dinheiro estaria sendo desviado, mas assegurou que já tem algumas informações. » LEIA A COBERTURA COMPLETA DOS POSSÍVEIS DESVIOS EM ARAÇOIABA Uma das vítimas do desvio foi a professora Edilene Maria da Silva, 48 anos.
Em abril, ela precisou entrar de licença médica e deveria receber pela Previdência Social. “Mas fiquei sem receber porque não havia fundo.
Resolvi procurar a promotoria.
Fui até o Ministério Público, em Igarassu”, contou a professora que, em 14 anos de serviços ao município, sempre viu no contra-cheque o desconto mensal de 12,7%.
Em 30 dias a Polícia Federal deverá ser concluído um relatório sobre a análise do material apreendido na segunda-feira (12) no município.
Caso seja constatado crime, o culpado pode ser enquadrado na Lei nº 7.492/86, a lei contra crimes do colarinho branco, e pode pegar até 12 anos de prisão.
Investigação da PF, Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e Controladoria-geral da União (CGU) aponta diversas irregularidades no município: rombo de R$ 2,18 milhões no Fundo de Previdência do município, desvio de R$ 2,361 milhões de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), desvio de R$ 1,3 milhão de recursos da educação, gastos suspeitos com combustível de R$ 604 mil, R$ 71 mil gastos em despesas com metais para banheiros que não foram encontrados nas escolas.
PF, MPPE, CGU e Tribunal de Contas do Estado (TCE) investigam ainda se houve desvio de recursos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), dinheiro público usado na reforma de imóveis particulares, desvio de recursos de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apropriação indevida de descontos em folha de empréstimos de funcionários, não repassados aos bancos credores, uso de notas frias, uso de cheques da Prefeitura por agiotas, direcionamento em licitações, contratação de empresas de fachada e atendimento precário nas unidades de saúde municipais.