Foto: Daniel Guedes / Blog de Jamildo / 2-set-2011 Por Daniel Guedes, do Blog de Jamildo O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pagou R$ 44 mil a uma empresa do Paraná para que ela podasse árvores velhas que representavam perigo para os servidores da superintendência do órgão em Pernambuco.

O valor é para cobrir podas de 18 plantas, além da erradicação de sete árvores, retirada do entulho e fornecimento de insumos agrícolas e plantio de 40 mudas fornecidas pelo próprio Ibama.

O valor chamou a atenção de Edvaldo de Souza Oliveira Neto, procurador federal da Advocacia Geral da União (AGU) em exercício na superintendência pernambucana.

No dia 31 de agosto, o servidor notificou o corregedor do órgão em Brasília, Marcos Lopes Guimarães, pedindo que ele tomasse as providências cabíveis.

Edital pregao03 2011-poda A licitação foi iniciada e concluída em maio deste ano.

No edital, o Ibama chega a sugerir como valor para o serviço R$ 49 mil.

A vencedora, que levou por R$ 5 mil a menos, foi a Paranaverde Ltda, empresa com sede no município de Santo Antonio da Platina, no Paraná.

Para o procurador, não houve irregularidades no pregão eletrônico.

O que chama a atenção de Edvaldo de Souza é o valor estipulado para a execução do serviço. “Se houve cotação de preço, não tenho medo de afirmar que foi mal feita.

Não dá para aceitar que peguem o dinheiro público e apliquem mal enquanto a população mais pobre não tem nem direito a escola.

Enquanto cidadão, estou indignado”, afirmou o procurador da AGU.

No último dia 31, ele encaminhou e-mail para a corregedoria do Ibama em Brasília. “Chama a atenção o preço contratado que é de R$ 44.000,00 (quarenta e quatro mil reais).

Um verdadeiro absurdo.

Assim, solicito a rápida intervenção de V.

Senhoria para que se evite tamanho prejuízo ao dinheiro do povo para enriquecimento em causa da contratada”, registrou Edvaldo em mensagem eletrônica ao corregedor Marcos Lopes Guimarães.

A reportagem entrou em contato com a Corregedoria na tarde da sexta-feira (9), mas a secretária dele informou que o corregedor não poderia atender a ligação.

Até o momento da publicação desta matéria, o corregedor não deu qualquer retorno.

No dia 2 de setembro, por volta das 15h50, o Blog de Jamildo esteve na superintendência do Ibama, em Casa Forte, na Zona Norte do Recife, e encontrou seis pessoas trabalhando na poda.

A engenheira florestal Luiza Gomes se identificou como responsável técnica do serviço e funcionária da Paranaverde Ltda.

Sem querer dar informações, orientou a reportagem a procurar o Ibama.

No dia 9, como não encontrou na internet qualquer contato da empresa paranaense, a reportagem voltou a procurar Luiza, que se negou a passar o telefone da firma. “Não tenho autorização para informar dados da empresa.

Procure o Ibama”, disse numa ligação no fim da tarde.

Num site de buscas de empresas na internet, Luiza aparece não como funcionária da Paranaverde, mas como engenheira florestal ligada a outra empresa, a Reciflora - Serviços Florestais, com sede no bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife.

Durante dois dias o Blog tentou falar com a assessoria do Ibama no Recife, mas não obteve sucesso até a publicação deste post.

Dentre as árvores podadas estão exemplares de sombreiro, pau brasil, jambeiro do pará e ipê roxo.

Na lista de erradicação estão unidades de felício, ipê roxo, mangueira, tamarindo, tamboril, tulipeira e sabiá. “Os serviços objeto deste Termo de Referência são necessários e urgentes, tendo em vista que a falta de manutenção da área verde – sobretudo das árvores de grande porte existentes nesta Superintendência – pode acarretar curto-circuito na rede elétrica, queda de galhos e frutos ou mesmo a queda de espécimes inteiras, representando um grande risco às pessoas que transitam pelo local e ao patrimônio da instituição”, justificou Eroilton Barbosa dos Santos, responsável pelo setor de patrimônio do Ibama, no edital do processo licitatório.