Finalmente veio a público o teor da conversa entre o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal João Paulo (PT).

Se o ex-prefeito do Recife deixar o PT, não terá apoio de Lula.

E o prejuízo de João Paulo não ficaria por aí.

Sem apoio do ex-presidente, iria embora também qualquer suporte da presidente Dilma Rousseff (PT) e, possivelmente, o do governador Eduardo Campos (PSB).

A revelação foi feita pelo senador Humberto Costa (PT), durante entrevista na rádio JC/CBN, na tarde desta quinta-feira (8). “O presidente Lula já conversou com João Paulo, já pediu a ele que permanecesse no PT.

Já disse, inclusive, que é impossível para ele vir a apoiá-lo se for como candidato de outro partido e aí vai acontecer com Dilma, provavelmente vai acontecer com Eduardo, que tem uma sintonia com o presidente Lula e com a presidente Dilma.

Acho que ninguém sai ganhando com essa eventual mudança de partido que ele pudesse fazer”, afirmou Humberto em entrevista ao apresentador Aldo Vilela, ao repórter do Blog de Jamildo Daniel Guedes, e ao cientista político Adriano Oliveira.

O senador admitiu ainda que uma eventual saída de João Paulo poderia prejudicar estabilidade da Frente Popular em Pernambuco. “Fica difícil a gente raciocinar sobre hipóteses.

Mas, certamente, vai causar algum tipo de perturbação na Frente Popular, se acontecer”, afirmou.

Embora considere o atual prefeito do Recife, João da Costa (PT), candidato natural - caso apresente condições de disputar -, Humberto preferiu não eliminar João Paulo. “O fato de João da Costa ter a precedência, de ele ser o candidato natural, não quer dizer que outros nomes estão completamente alijados desta possibilidade.

De repente ele (João da Costa) não quer ser, de repente ele não reune as condições.

Então, pode se discutir essa questão.

O nome de João Paulo não está descartado para nada.

Temos um fato concreto que é a naturalidade da candidatura de João da Costa, que é o prefeito que está se recuperando e eu creio que vai conseguir as condições para disputar.” Leia abaixo os principais trechos da entrevista e ouça a íntegra da conversa no player acima: O ex-prefeito João Paulo é uma pessoa que recebeu e recebe do PT o melhor tratamento possível.

Ele também deu muito ao PT.

Ele foi deputado estadual três vezes pelo PT, foi o primeiro vereador do Recife que o PT elegeu, foi eleito e reeleito prefeito da capital com apoio integral do PT.

Nunca houve um vereador do PT que se colocasse contra as ações do governo.

Ele escolheu seu sucessor e o PT apoiou integralmente.

O PT sempre tratou João Paulo com o respeito que ele merece.

MAS A ESCOLHA FOI GOELA ABAIXO, NÃO?

Não vamos entrar nesse mérito.

Mas vamos lembrar que ele fez a escolha e nós apoiamos e nós apoiamos.

Todos nós apoiamos.

Nessa eleição para deputado federal, se vocês se lembrarem João Paulo era o único candidato a deptuado que aparecia todos os dias no guia eleitoral do candidato majoritário do partido.

Vejo que João Paulo tem sido tratado pelo PT da melhor maneira possível.

E agora mesmo, no congresso do PT, na Câmara dos Deputados.

Por outro lado, reconhecemos também que eles nos deu muito.

A gestão que ele fez na Prefeitura, o projeto que ele começou deu ao PT uma força hoje no Recife que o PT não tinha.

Hoje, se você fizer qualquer pesquisa de opinião para saber qual é o partido mais admirado no Recife, dá o PT, com 48%.

Isso aí, sem dúvida, tem a ver com o trabalho que João Paulo fez, a figura que ele é.

A saída de João Paulo representaria uma perda para ele - com toda certeza representaria uma perda para ele - e representaria uma perda muito grande para o partido.

Por isso, acredito que ele vai permanecer no PT.

E ele é um nome que temos para qualquer disputa.

Pode ser para disputa da Prefeitura, se eventualmente o prefeito não quiser disputar ou hajam essas condições, pode ser candidato em outra eleição majoritária e, o mais importante de tudo isso, o PT sabe que não pode definir a sua posição para a disputa de 2012 sem que João Paulo seja ouvido, sem que a opinião dele seja levada em consideração.

Acho que todas as condições para que ele permaneça no partido estão dadas.

Creio que ele deve parmanecer.

SENADOR, O SENHOR USOU UMA FRASE QUE ESTÁ SENDO BASTANTE COMUM A GENTE OUVIR DOS PETISTAS: “ELE, JOÃO PAULO, ESCOLHEU SEU SUCESSOR E O PT ACOLHEU INTEGRALMENTE”.

ISSO É APENAS A CONSTATAÇÃO DE UM FATO OU É UM RECADO QUE TEM SIDO DADO A JOÃO PAULO NOS CORREDORES DA CÚPULA PETISTA, “VOCÊ ESCOLHEU, AGORA ARQUE COM AS CONSEQUÊNCIAS”?

Não, não, não.

Na verdade nós não…

Tanto é que nós apoiamos a administração de João da Costa.

Quer dizer: foi uma escolha de João Paulo, nós todos apoiamos, João Paulo, ao longo do caminho, teve com João da Costa um rompimento, porém o PT continua apoiando João da Costa.

Não estamos naquela de “jogar Mateus para ele embalar”.

Achamos que o prefeito está indo bem, será competitivo na disputa do ano que vem… É O CANDIDATO NATURAL.

ISSO NÃO SE DISCUTE… É o candidato que tem a precedência, né?

AS ELEIÇÕES 2012 PRECISAM PASSAR, NECESSARIAMENTE, POR 2014?

Não.

Acho que não.

Acho até que é errado isso.

Acho até que é errado isso.

A gente sabe como a conjuntura é uma coisa dinâmica.

Por exemplo, se a gente fosse recordar o que estava pensado lá em 2008, quando João da Costa foi nosso candidato - não estou dizendo que era ele que pensava -, mas teve gente que pensava assim: “Vamos eleger João da Costa para prefeito, depois nós vamos eleger João Paulo ou para governador ou para senador, em 2012 todo mundo junto vai bancar a candidatura de João da Costa e por aí ia.

Mas as coisas não aconteceram bem assim.

Vamos agora para 2012 com o partido que não vai estar inteiramente unido.

João Paulo declarou já, por várias vezes, que não vai apoiar a candidatura de João da Costa.

Em 2010, a candidatura que se viabilizou para o cargo majoritário foi a minha candidatura, não a dele.

Quer dizer, a gente imaginar que daqui a três anos vai acontecer uma coisa que a gente está querendo, está prevendo, é uma questão ilusória.

Até porque existem muitos cenários.

Eu imagino, por exemplo, se o governador Eduardo Campos não for ocupar um espaço nacional, ele vai querer colocar alguém da confiança dele.

Por outro lado, se ele for ocupar um espaço nacional é possível haver um acordo aqui em Pernambuco.

Então, estamos discutindo sobre hipóteses que não controlamos de jeito nenhum.

Sairam essas matérias dizendo João da Costa, 2012, João Paulo, 2014.

Combinou com o resto do pessoal?

Tem que combinar com Eduardo, tem que combinar com Armando, tem que combinar com o PT…

Tem que combinar com todo mundo.

EXISTE A POSSIBILIDADE DE JOÃO PAULO IR PARA O PSB.

VOCÊ ACHA QUE ISSO SE CONCRETIZAR IMPLODIRIA A ALIANÇA ENTRE PT E PSB EM PERNAMBUCO?

Não.

Veja.

Primeiro vamos corrigir um pouco esse nosso exercício aqui (de especulação).

Por que não João Paulo pode ser o candidato majoritário em 2014?

Também como eu disse.

O fato de João da Costa ter a precedência, de ele ser o candidato natural, não quer dizer que outros nomes estão completamente alijados desta possibilidade.

De repente ele não quer ser, de repente ele não reune as condições.

Então, pode se discutir essa questão.

O nome de João Paulo não está descartado para nada.

Temos um fato concreto que é a naturalidade da candidatura de João da Costa, que é o prefeito que está se recuperando e eu creio que vai conseguir as condições para disputar.

A saída de João Paulo do PT, primeiro, não acredito que vai acontecer.

Fica difícil a gente raciocinar sobre hipóteses.

Mas, certamente, vai causar algum tipo de perturbação na Frente Popular.

Se acontecer.

E dependendo de como venha a acontecer.

O presidente Lula já conversou com João Paulo, já pediu a ele que permanecesse no PT.

Já disse, inclusive, que é impossível para ele vir a apoiá-lo se for como candidato de outro partido e aí vai acontecer com Dilma, provavelmente vai acontecer com Eduardo, que tem uma sintonia com o presidente Lula e com a presidente Dilma.

Acho que ninguém sai ganhando com essa eventual mudança de partido que ele pudesse fazer.