Do Jornal do Commércio O governador Eduardo Campos (PSB) descartou, ontem, o risco de uma crise institucional entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Poder Executivo, em razão do veto da presidente Dilma Rousseff (PT) ao pedido de aumento salarial para o quadro de servidores do Judiciário, o que acarretaria uma despesa extra de R$ 7 bilhões no orçamento da União de 2012.
Ao lembrar que o País tem adotado medidas para se resguardar da crise econômica internacional e discute no momento uma forma de financiar a saúde pública, Eduardo aconselhou “prudência” aos demais poderes para não por em risco o equilíbrio das contas do País e o esforço do governo para manter o crescimento da economia. “É preciso a compreensão do Judiciário, sim, mas também do Executivo, do Legislativo e do Ministério Público.
O ambiente externo é altamente restritivo”, alertou ao participar do desfile de 7 de Setembro.
Em reforço à posição de Dilma Rousseff, Eduardo afirmou que a presidente tem disposição para o diálogo, respeito aos poderes constituídos e crença no valor da democracia, principalmente por ter pago um preço muito alto durante a ditadura militar (foi presa política e torturada). “Não vejo possibilidade de crise.
Esse é um debate muito objetivo.
A presidente está mostrando com números os limites do orçamento.
O mundo vive uma crise muito grande.
Dos quatro grandes parceiros comerciais do Brasil - Estados Unidos, União Européia, China e América Latina - os dois primeiros estão numa crise tremenda. É óbvio que não podemos desconhecer os limites orçamentários.
Eles vão ter que ser respeitados”, alertou.
Para salvaguardar a estabilidade das contas, no atual momento de crise mundial, o governador sugeriu que a discussão seja feita quanto ao tempo para atendimento do pleito do STF. “Se não é possível em um ano, que se veja em dois anos. É jogar com o tempo e mostrar os números.
Isso pode ajudar num acordo”, aconselhou.
Indagado se os sucessivos escândalos no governo federal revelam uma democracia frágil e imperfeita, Eduardo disse que o Brasil amadureceu as suas instituições e a democracia, vive o mais longo ciclo democrático, mas que ainda é pouco tempo (25 anos, desde a redemocratização). “Trouxemos as questões sociais para a pauta política, mais ainda há muito o que fazer”, afirmou.
O governador foi recebido pelo comandante militar do Nordeste (CMNE), general-de-Exército Odilson Sampaio Benzi.
Os dois passaram em revista a tropa pela Avenida Cruz Cabugá em carro aberto.
Cerca de 5.600 estudantes e 3.033 militares participaram do desfile.