No Jornal do Commércio Quatro anos depois de acusar oposicionistas de buscar “tirar dividendos políticos a qualquer preço” quando defendiam o fim da CPMF, o governador Eduardo Campos assumiu discurso semelhante aos dos adversários.
Se em 2007 ele arregaçou as mangas a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para manter o imposto que financiava parte da Saúde pública, ontem afirmou, enfático, à Rádio Jornal Caruaru: “sou contra reeditar a CPMF”.
A mudança de postura vem a reboque das declarações da presidente Dilma Rousseff, que semana passada deixou claro, em visita a Pernambuco, que Estados e municípios precisam garantir fonte de financiamento da Saúde caso a Emenda 29 seja aprovada no Congresso.
Na avaliação feita ontem pelo governador, que no início do governo Dilma chegou a defender a volta da CPMF, mexer na carga tributária para abastecer a Saúde seria um tiro no pé.
Para ele, a CPMF ou similar não tem chance de aprovação.
Em 2007, ele chegou a afirmar que o brasileiro “não aceita esse tipo de comportamento”, referindo-se aos políticos contrários à CPMF.
Frisava que o SUS poderia “ficar inviabilizado” e que a população pobre sofreria.
Agora, quando Dilma disse não querer “presente de grego” com a Emenda 29 - que estabelece percentuais mínimos de investimento na Saúde pelas três esferas de governo -, jogou para governadores e prefeitos a responsabilidade de ajustar as finanças a fim de não sobrecarregar o governo federal.
Eduardo sugeriu menos gastos com juros.
E que gestores que gastam mais que o mínimo exigido deveriam ser premiados. “A Emenda 29 não cria dinheiro. É como Dilma disse: é ótimo se a gente puder botar mais, mas vem de onde?
Quem paga o almoço?”, argumentou.
Para ele, a solução seria aumentar o orçamento da Saúde e distribuí-lo de maneira diretamente proporcional ao investimento que cada unidade da federação ou cidade reserva ao setor.
Eduardo admitiu que trabalhou a favor da manutenção da CPMF, derrubada em dezembro de 2007 pelo Congresso.
Mas alegou que a oposição na época foi “intransigente”. “Chegamos perto de um acordo para o dinheiro (da CPMF) não ser desviado da Saúde.
A exigência (para manter a contribuição) era essa.
Não deu certo.” Na sequência, por volta das 10h, ocorreu o desfile militar que reuniu 3.035 oficiais da das Forças Armadas da Marinha, Exército, Aeronáutica e também tropas da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Polícia Federal.
Milhares de pessoas acompanharam o desfile de 7 de setembro.
Entre elas, a empresária Márcia Souza, 48, que destacou a oportunidade da presença dos governantes. “É uma oportunidade de estar mais próximo deles”, justificou a empresária que animada relatou a passagem do governador. “Fiquei emocionada e alegre quando ele acenou para mim”.
Para Eduardo é fundamental “animar e aproximar o povo do projeto nacional”. “Quando a gente aproxima o povo há mudanças extraordinárias.
Foi assim para gente por fim ao regime autoritário, para construir o equilíbrio macroeconômico brasileiro e para trazer as questões sociais para a pauta política”, lembrou Eduardo.