É sábido que legislação semelhante ao PL 130/2011 da vereadora Marília Arraes, que propõe restrições ao consumo de álcool, já existe em vários países desenvolvidos.

Muitos tomarão isso como argumento a favor do projeto.

Eu discordo.

Não acho que a presença de determinadas leis em países desenvolvidos seja prerrogativa para a presença delas no nosso sistema.

Fosse assim, bastaria aos legisladores brasileiros serem meros tradutores.

Os Estados Unidos são conhecidos por suas leis rigorosas, por vezes excêntricas, famosas por cercear direitos civis.

Cada vez que vou lá, sinto mais saudades do Brasil e volto valorizando ainda mais nosso estilo de vida.

Esse, por sinal, é um dos motivos pelos quais jamais moraria nos EUA.

A sensação de não violência contrasta com a de falta de liberdade.

Para promover essa suposta paz, tudo é proibido.

A impressão é que a qualquer passo você está infringindo alguma lei.

Não sei o que é pior.

Alias, sei.

Prefiro as mazelas da democracia à paz cerceada de uma ditadura.

Se o argumento de que álcool gera ou potencializa a violência é válido, válido também será a lei que proíba o consumo definitivo desse produto.

Portanto, o debate se restringe aos que acham a proibição definitiva do álcool, sob o pretexto de reduzir a violência, válido ou não.

Eu acho que não.

Longe disso.

Existem várias formas de se acabar com a violência.

Algumas boas, outras ruins.

Não é o resultado que ela produz que faz da lei boa.

Os fins não justificam os meios.

O governo de Londres queria restringir o uso de redes sociais para diminuir o vandalismo.

Pretender um resultado louvável, não faz dessa medida algo aceitável. É absurdo do mesmo jeito.

Existem formas mais rasoáveis, democráticas e eficientes de se acabar com a violência.

Porém, ao contrário dessa medida, exigem mais esforço, vontade política e tempo.

Uma delas é a educação.

Se não bastasse, o projeto de lei 130 da vereadora é hipócrita e contraditório ao prever excessões à regra em períodos comemorativos, como no Carnaval.

Questiono-me: durante esse período a vereadora abre mão do seu argumento de redução da violência?

Atenciosamente, JOÃO PAULO ANDRADE (Administrador)